Sociedade | 10-01-2022 10:00

A arte de Ana Manique e a valorização dos espaços públicos

A arte de Ana Manique e a valorização dos espaços públicos

Ana Rita Manique vai fazer uma residência artística de dois meses na fundação CIEC, um dos maiores centros de gravura do mundo. A jovem artista, natural de Alpiarça, explica a O MIRANTE que um dos seus grandes objectivos é utilizar a arte e o design para melhorar os espaços públicos das cidades.

Ana Rita Manique, 22 anos, foi uma das premiadas no Festival Internacional de Gravação e Arte sobre Papel de Bilbau (FIG), que decorreu entre 25 e 28 de Novembro de 2021 no Palácio Eskalduna. A jovem artista, natural de Alpiarça, apresentou “Imagined Cities”, um trabalho de serigrafia inspirado em localidades que têm um significado especial na sua vida, nomeadamente Santarém, Alpiarça e Vila Real, cidade transmontana de onde a avó é natural. “Juntei vários mapas das três localidades e construí uma nova que pertence ao meu imaginário”, conta a O MIRANTE, numa conversa realizada junto ao Convento de São Francisco, em Santarém.
Ana Rita Manique recorda que o amor pelas artes plásticas nasceu por influência do pai, com quem sempre desenhou e pintou durante a infância e adolescência. No secundário foi estudar Artes Visuais para a Ginestal Machado, em Santarém, e quando chegou a hora de ingressar na universidade escolheu a Escola Superior de Artes e Design, nas Caldas da Rainha. Actualmente frequenta o mestrado de Design de Produto e trabalha em part-time nas oficinas de gravura e serigrafia da faculdade.
A pintura foi a sua primeira paixão e onde deu os primeiros passos mais a sério no mundo das artes. Começou por pintar a óleo sobre vidros e espelhos; entretanto interessou-se também pelo design e começou a trabalhar com instalações, procurando realizar obras contemplativas e que ao mesmo tempo serem funcionais. Apesar de não saber viver sem a arte, Ana Manique diz que não quer ser artista a tempo inteiro. “Gosto de me imaginar como professora e de ajudar a fazer a diferença na vida de jovens como eu”, afirma, com um sorriso no rosto.

RIBATEJO DEVIA APOSTAR
NA CULTURA
Gerir o tempo entre a tese de mestrado, o trabalho e as aulas, é uma tarefa hercúlea, diz, mas ainda lhe sobra algum para pintar a aguarela e fazer urban sketching, uma prática que consiste em desenhar num diário gráfico o que se observa. A sua tese de mestrado foca-se na percepção do espaço público e de que forma pode ser melhorado através do design e da arte. Foi desta preocupação que surgiu o projecto “Imagined Cities”. O prémio que conquistou vai dar-lhe a possibilidade de passar dois meses numa residência artística num dos maiores centros de gravura do mundo, o Centro Internacional da Estampa Contemporânea de Betanzos, na Corunha. “O reconhecimento do trabalho que desenvolvo é muito importante e serve de motivação para continuar neste caminho. Mas também é fundamental continuar a enriquecer o conhecimento e a ganhar novas competências e esta bolsa de estudos é uma excelente oportunidade para o fazer”, vinca, acrescentando que viveu momentos de muita alegria ao estar perto do museu Guggenheim e ter interagido com artistas. Cresci como artista e como pessoa”, sublinha.
O futuro não a assusta e, provavelmente, também não passa pelo regresso às origens, a não ser que o mercado de trabalho o permita. “Vou continuar a visitar Santarém e Alpiarça por causa da família e porque sempre que cá venho sinto-me inspirada para criar. Por outro lado acho necessário que se aposte mais na promoção da cultura na região ribatejan”, salienta, acrescentando que a falta de apoios e de oportunidades nos concelhos do interior são os factores que mais contribuem para a centralização da cultura nas grandes cidades, como Lisboa e Porto.

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