Sociedade | 20-02-2022 07:00

A busca por uma vida melhor levou Miguel Noronha até Edimburgo

Miguel Noronha apaixonou-se pela Escócia (foto DR)

Miguel Noronha é um dos exemplos do fenómeno denominado “fuga de cérebros”. Formado em engenharia informática, emigrou para a Escócia em Julho de 2015, logo após concluir o curso, em busca de melhores condições de trabalho e de salários mais elevados.

Não pensava voltar a Portugal a curto prazo, mas depois de se ter visto sem apoio familiar no período pandémico reconsiderou a decisão e quer voltar nos próximos dois anos.

Miguel Noronha tem 30 anos e aos 23 voou para Edimburgo, capital da Escócia, à procura de uma vida melhor. Tinha a emigração em mente desde a adolescência e assim que surgiu a primeira oportunidade fez as malas e deixou família e amigos em Portugal, em busca do sucesso.
A ida para a Escócia surgiu através de um programa de estágios da Associação de Estudantes Internacional (AEI), enquanto estudava Engenharia Informática no Instituto Superior Técnico, em Lisboa. Conta que teve duas ofertas de estágio, na Noruega e na Escócia, e que optou pela segunda por ser mais perto, o que tornava as visitas a Portugal mais fáceis e menos dispendiosas. Estagiou e ficou a trabalhar numa empresa de prospecção mineira, na área de desenvolvimento de software. A ambição e o querer sempre mais levou-o ao cargo de engenheiro chefe, responsável pelas ferramentas online da FanDuel, uma casa de apostas especializada em desportos americanos.
As primeiras semanas na Escócia foram complicadas para Miguel Noronha, não por ter encontrado uma realidade muito diferente da portuguesa, mas por só ter alojamento para uma semana, o que o fez saltitar de pousada em pousada. A chegada a Edimburgo coincidiu com a realização do festival “Fringe”, um dos maiores da Europa, que dura o mês de Agosto inteiro e leva muitos turistas a Edimburgo, o que faz com que os alojamentos estejam, na sua maioria, ocupados entre o início de Julho até ao final de Agosto. Só quase dois meses depois de chegar à Escócia, e com a ajuda do representante da AEI, conseguiu encontrar uma casa para alugar. A partir daí tudo se tornou mais fácil. A namorada, Cláudia Rebelo, com quem, entretanto, deu o nó e teve a filha Aurora, agora com 2 anos, juntou-se a ele seis meses depois.
Encontrou em Edimburgo várias parecenças com Portugal, mas também muitas diferenças. Confessa que o sistema de saúde é melhor, mais rápido e eficaz que o português, sente-se mais seguro e tem uma estabilidade financeira maior do que teria em terras lusas. “O meu salário inicial de estagiário em Edimburgo era superior a um salário de alto nível em Portugal”, vinca. Considera que os escoceses são tão amistosos como os portugueses e diz nunca se ter sentido como um verdadeiro estrangeiro. Os horários e as rotinas também não são muito diferentes das de Portugal. Os fins de tarde, após o trabalho, eram muitas vezes passados no pub, entre amigos e colegas de trabalho, a ver jogos de rugby, um dos desportos com mais tradição em terras escocesas.
A falta de sol e a gastronomia é, de tudo, o que menos lhe agrada na Escócia. Apesar de se deliciar com “haggis”, um prato tradicional escocês que consiste num bucho de ovelha recheado com as miudezas, não é grande fã da gastronomia escocesa que considera ser demasiado seca. “Se puser uma chouriça portuguesa a assar deita molho, as de cá não são assim, e acaba por ser transversal ao resto dos pratos”, conta. A pastelaria é algo que deixa muitas saudades a Miguel Noronha e conta que os doces escoceses não lhe enchem as medidas. Tem a sorte de morar perto de um café português, onde vai matando saudades com pastéis de nata e travesseiros.
O Skype e o WhatsApp são os melhores amigos quando se trata de matar saudades da família. Até 2020 vinha a Portugal quatro ou cinco vezes por ano, mas a pandemia ditou que viesse só no Natal para evitar as viagens e as semanas de quarentena.
A vida tem-lhe corrido bem e não considerava voltar a Portugal, a não ser que surgisse uma oportunidade de trabalho com as condições que tem na Escócia, mas confessa que ter-se visto sem apoios familiares durante a pandemia, e sozinho num país estrangeiro, fê-lo reconsiderar essa postura e agora já pensa voltar para Portugal nos próximos dois anos.

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