Sociedade | 26-02-2022 21:00

Edição Semanal. Adiada sentença de dona de lar em Riachos acusada de esconder morte de idosa

Ana Paula Alves, dona do lar de Riachos, está em prisão preventiva desde Março de 2021

Advogados pediram tempo para apreciar uma alteração não substancial dos factos constantes na acusação. Com o adiamento da leitura do acórdão Ana Paula Alves vai completar um ano em prisão preventiva.

O Tribunal de Santarém adiou a leitura do acórdão do julgamento de Ana Paula Alves, a dona do lar ilegal em Riachos, Torres Novas, acusada de ter mantido uma idosa morta 12 dias num quarto com duas outras utentes.
Em causa está um pedido apresentado pela defesa a solicitar 10 dias para preparar e apresentar a sua posição relativamente a uma alteração não substancial aos factos constantes na acusação, comunicada pela presidente do colectivo de juízes à arguida no dia 16 de Fevereiro, no início da audiência que estava marcada para a leitura do acórdão.
O tribunal considerou que a arguida não forneceu alimentação “completa, variada e equilibrada” às duas idosas que morreram no lar entre Fevereiro e Março de 2021 durante o tempo em que estiveram ao seu cuidado. Na acusação produzida pelo Ministério Público, recorde-se, vinha também mencionado que Ana Paula Alves, alegadamente, não alimentava as utentes “de forma conveniente” e que “apenas tinha uma sopa aguada para lhes servir”. Entendendo que a defesa tem o “direito ao contraditório”, a presidente do colectivo deu por terminada a sessão, agendando nova data para 11 de Março.
Ana Paula Alves, que está em prisão preventiva, decidiu prestar declarações na primeira sessão do julgamento em que é acusada pelo Ministério Público da prática de quatro crimes de maus tratos, dois deles de forma agravada (por terem resultado na morte de duas idosas), e um de profanação de cadáver, procurando convencer o tribunal do seu arrependimento.
A proprietária da casa de acolhimento, em Riachos, justificou a não comunicação da morte às autoridades de saúde e aos familiares com um “bloqueio” porque se “atrapalhou” devido à situação da pandemia de Covid-19.
Quando questionada pela procuradora do Ministério Público sobre se se apercebeu da morte da idosa e do momento em que ocorreu, a mulher afirmou deduzir que tenha sido “repentina”, mas insistiu que só se apercebeu que estava morta no dia em que o neto a ia buscar para a mudar para outro lar, a 2 de Março de 2021. Perante a resposta, a procuradora concluiu que, durante dois ou três dias, Ana Paula Alves não esteve junto da idosa e não procurou alimentá-la nem prestar-lhe cuidados.
No mesmo lar, um dia após ter sido descoberta a primeira morte, foi declarado o óbito de uma outra utente. No mesmo processo está ainda a ser julgado um médico de 68 anos, residente em Torres Novas, que passou a certidão de óbito de um outro utente do lar identificando a causa da morte como a doença de Alzheimer sem o ter visto antes ou depois da sua morte.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1657
    27-03-2024
    Capa Vale Tejo
    Edição nº 1657
    27-03-2024
    Capa Lezíria/Médio Tejo