Sociedade | 13-04-2022 17:09

Álbum sobre Saramago é publicado quinta-feira e Guterres destaca ética do escritor

Álbum sobre Saramago é publicado quinta-feira e Guterres destaca ética do escritor

Livro é apresentado como uma “autobiografia”, na medida em que são utilizados textos de Saramago

O secretário-geral da ONU, António Guterres, defende, no prefácio à obra “Saramago. Os seus Nomes. Um Álbum Biográfico”, que chega às livrarias na quinta-feira, a importância de “revisitar a consciência ética presente na obra” do escritor, porque “mantém acuidade”.

O álbum, uma edição de Alejandro García Schnetzer e Ricardo Viel, é profusamente ilustrado com fotos do autor de “Memorial do Convento”, é apresentado como uma “autobiografia”, na medida em que são utilizados textos de Saramago sobre diversos temas, de lugares a personalidades, leituras e citações.

Logo a abrir, a explicação do apelido pelo Nobel da Literatura: “O saramago é uma planta. Nos tempos da minha infância e antes, as pessoas da minha aldeia, em épocas de crises, comiam saramagos”.

Na opinião do ex-primeiro-ministro português, “é importante continuar a revisitar a consciência ética presente na obra de José Saramago”. “Essa consciência mantém, hoje, a sua acuidade, tanto na condenação da exclusão e das desigualdades como na importante mensagem sobre a necessidade de reivindicarmos o dever de defender e fazer cumprir os direitos que a todos e cada um são conferidos”.

Guterres salienta que “o contributo de José Saramago [1922-2010] para a afirmação do valor universal da língua portuguesa perdurará muito para além do seu centenário” do nascimento, que se cumpre este ano, e aponta que a sua obra “continuará no futuro a questionar-nos a desinquietar-nos e a compelir-nos a tentar seguir aquilo que sempre logrou fazer com inigualável mestria: observar detalhadamente a realidade a partir de uma ampla mundividência”.

O álbum inclui uma mini autobiografia, na qual Saramago fala dos pais e da sua vinda, em 1924, da aldeia de Azinhaga, na margem esquerda do rio Almonda, para Lisboa.

Para além da aldeia natal refere a zona do Chiado em Lisboa, a ilha espanhola de Lanzarote, onde viveu e morreu, Cuba, Brasil, Chiapas, Praga, Pisa ou Paris, entre outros.

Outra secção do álbum, “leituras/sentidos”, inclui vários nomes, desde escritores – Eça de Queirós, Aquilino Ribeiro, Mia Couto, Sophia de Mello Breyner Andresen, Federico García Lorca, Gonçalo M. Tavares, entre outros -, a cineastas, como Fellini, músicos, como Maria João Pires e Carlos Paredes, ou arquitetos, como Álvaro Siza, e artistas plásticos, como Amadeo de Sousa-Cardoso, ou bailarinos, como María Pagés, e personagens da banda desenhada, como Astérix e Mafalda.

Na página relativa a Pilar del Rio, companheira do escritor desde o final dos anos de 1980, sua viúva e presidente da Fundação José Saramago, figura a imagem do erro na agenda onde marcou o seu primeiro encontro: o nome “Pilar de los Rios”, por duas vezes emendado para “Pilar del Rio”.

Sobre este álbum, os editores escrevem, citando Saramago: “Numa passagem do ‘Ensaio sobre a Cegueira’ lê-se: ‘Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos’. Perguntado sobre o significado desta frase José Saramago respondeu: ‘O que precisamos é de procurar dar um nome a essa coisa: talvez, simplesmente, lhe possamos chamar humanidade’ Este livro convoca essa procura”.

“Saramago. Os seus Nomes. Um Álbum Biográfico” foi publicado no final de março, em Espanha, e chega na quinta-feira ao mercado livreiro português.

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