Sociedade | 17-09-2022 20:59

Ateliê na Póvoa ensina crianças e jovens a costurar

No ateliê Ofício da Costura, na Póvoa de Santa Iria, Susana Serra e a mãe, Zélia Major, ensinam crianças e jovens a costurar e a criar a sua própria roupa

Na Póvoa de Santa Iria um ateliêr ensina crianças e jovens a costurar fazendo roupas por medida e a salvar peças que, de outra forma, acabariam no lixo.

Numa Era dominada pela roupa pronto-a-vestir ainda há quem tente manter a tradição das modistas à antiga que fazem roupa por medida e pequenos arranjos que dão nova vida às peças velhas que, de outra forma, iriam parar ao lixo. É o caso do ateliê Ofício da Costura, na Póvoa de Santa Iria, onde Susana Serra, de 40 anos, ensina há três anos crianças e jovens a costurar e a criar a sua própria roupa.
Susana Serra é professora de costura e modista e com a ajuda da mãe, Zélia Major, fazem roupas à medida, arranjos de costura, costura de decoração, acessórios de moda e dão aulas de costura a crianças, jovens e adultos que têm tido cada vez mais procura. Susana Serra trabalhou durante 16 anos numa clínica de aparelhos auditivos e explica que nunca pensou ser costureira e vir a ensinar pessoas a costurar. Na verdade, confessa, até chegou a detestar tudo o que envolvesse a arte quando começou a ajudar a mãe a desmanchar roupas.
Após alguns anos de formação, e depois de dar aulas em escolas de costura e sentir-se segura naquilo que gostava de fazer, fundou o ateliê na Póvoa de Santa Iria para não só ter liberdade a nível criativo mas também para ensinar e dar o “poder do saber” a quem quisesse. Hoje não se vê a fazer outra coisa. Abriu o ateliê quando a pandemia estava a chegar, em Março de 2020, momento que recorda com alegria e nervosismo. “Às 20h00 desse mesmo dia fechei as portas por ordem do Presidente da República”, recorda Susana Serra. Os planos foram alterados mas apostou nas aulas online e na confecção de máscaras para arrancar com o negócio nunca virando a cara à luta.
Na aula que O MIRANTE acompanhou as alunas estavam a criar um avental para levarem para casa. Susana Serra dava palavras de incentivo, paciência, cuidado e empatia. Orgulha-se de ver a evolução dos alunos e o seu coração “enche-se de felicidade” quando as pessoas lhe dizem que o tempo que estiveram na aula valeu a pena.

A costura também é terapia
A maioria dos alunos procura o ateliê para aprender como costurar mas muita gente usa a arte como escape para os problemas do dia-a-dia. “As pessoas dizem que a costura é uma forma de terapia porque ao costurar o nosso pensamento está completamente focado nisso. É impossível termos outra coisa na cabeça e por isso é uma óptima maneira para a pessoa se abstrair”, conta.
A costureira lamenta que a arte de costurar tenha perdido a importância que antigamente tinha e explica que a costura é uma área onde os profissionais com mais experiência, em especial na parte dos arranjos, estão prontos para a reforma e sem haver quem os substitua. Perante essa realidade Susana Serra admite que no futuro gostaria de conseguir uma parceria com as escolas e levar a todas as crianças e jovens do concelho a oportunidade de conhecer e aprender arte de costurar.

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