Maria de Lurdes Igreja reside no Castelo, concelho de Mação, e não recebe atempadamente a pensão de que necessita para pagar as suas contas devido aos atrasos na distribuição do correio pelos CTT. O lamento é feito a O MIRANTE pelo filho António Lobo, residente no Entroncamento, que conta que já ameaçaram cortar a luz à mãe. “Ela não paga porque não recebe as cartas para poder pagar. A minha mãe não pode ficar sem electricidade porque tem um aparelho que necessita para respirar. Já faltou a uma consulta no Hospital de Abrantes porque não recebeu a carta a tempo”, diz António Lobo.
Há pessoas que se deslocam ao posto dos correios em Mação, que fica a cerca de 8 quilómetros, para levantar a correspondência, mas Maria de Lurdes Igreja não tem como fazê-lo. Contactado por O MIRANTE, o gabinete de comunicação dos CTT admite constrangimentos na zona de Mação, “reflexo de um significativo aumento de casos de Covid-19 e ainda de grandes dificuldades de recrutamento de pessoas”. Acresce o facto de esta ser uma época do ano em que muitos trabalhadores estão ausentes devido a férias.
“De forma a regularizar a situação, os CTT estão a reforçar a distribuição com recurso ao trabalho temporário e na implementação de planos de contingência”, refere a empresa. Os CTT acrescentam que têm em curso um processo nacional de recrutamento e que estão “em contacto com as autoridades locais para procurar soluções no sentido de minimizar esta questão”. O presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela, diz que este é mais um sinal de abandono do território. “Não é só os CTT. É também a área da saúde, as entidades bancárias… Não há interesse em manter serviços nos territórios do interior mas esquecem-se que vive cá gente e que têm o mesmo direito a ter acesso aos serviços do que as pessoas que vivem no litoral ou nos grandes centros urbanos”, critica o autarca.