Sociedade | 07-08-2022 18:00

Autarcas de Torres Novas exigem reposição do livre acesso à nascente do Almonda

Autarcas querem projecto de requalificação que que garanta livre acesso ao rio

Assembleia municipal recomenda à Câmara de Torres Novas que avance com um projecto de requalificação que garanta também o livre acesso à nascente do rio. Partidos de esquerda não poupam críticas à Renova por vedar o acesso à nascente do Almonda e se servir gratuitamente das suas águas.

A Assembleia Municipal de Torres Novas aprovou uma recomendação onde sugere à câmara municipal que se empenhe e lidere a concretização de um plano de requalificação da nascente do rio Almonda e que permita o acesso público a essa zona, actualmente vedado pela empresa Renova. A proposta, posta à discussão por iniciativa do presidente da assembleia municipal, José Trincão Marques, foi aprovada com os votos de todos os partidos. Registou-se apenas uma abstenção, por parte de um eleito do PSD.
O texto recomenda que o município deve tomar acções imediatas, entre as quais a pavimentação da estrada pública até próximo da nascente, o acesso livre e público à nascente com a retirada da vedação metálica, a criação de condições para a fruição visual da nascente, acautelando a segurança com avisos aos visitantes, e a libertação do leito do rio, o que implica a deslocalização dos pavilhões fabris da Renova que o cobrem para a nova unidade da Zibreira.
Esta recomendação, tal como O MIRANTE noticiou em Junho último, foi inicialmente apresentada em assembleia municipal pela munícipe Mariana Fernandes, em representação de nove centenas de pessoas que assinaram a petição que acompanhou a proposta entregue ao presidente da mesa. Na petição, recorde-se, os subscritores argumentam que “antes de ser o santuário da Renova já era a nascente do rio Almonda”, devendo por isso “estar disponível e acessível a todos”, sem entraves, perigo ou vedações que comprometem a acessibilidade e o vislumbre da beleza da nascente do único curso de água presente no concelho, há vários anos tapado pelo edifício fabril da empresa.

Esquerda acusa Renova de se apropriar do rio
Afirmando que o impedimento no acesso à nascente do rio Almonda é um problema que tem que ser resolvido, o eleito do Bloco de Esquerda, Rui Alves Vieira, criticou a Renova por ao longo dos anos estar a retirar “a custo zero, milhões de litros de água” para o seu processo de fabrico. “O que sinto é que a apropriação da nascente do Almonda por parte da Renova é uma situação ilegítima e que se torna cada vez mais insustentável”, declarou, sublinhando que espera do município torrejano “uma atitude assertiva e política forte para resolver o assunto”.
Do lado da CDU, Cristina Tomé, afirmou que “o município tem ignorado um plano de intervenção que defenda o rio e os territórios em redor”, limitando-se a realizar limpezas esporádicas no seu troço urbano. “O Almonda é de todos pelo que o acesso à sua nascente é público”, vincou.
Já Mafalda Batista, do Movimento P’la Nossa Terra, quis deixar claro que o voto favorável dos eleitos do movimento “jamais poderá ser interpretado como um voto contra a Renova, os seus colaboradores e o papel importantíssimo que aquela empresa tem tido no tecido social do concelho”. O que está em causa, na recomendação, frisou, é a elaboração de um plano de requalificação e do acesso livre e público à nascente.

Acesso fechado há dois anos
Recorde-se que em Agosto de 2020 a empresa fechou a cadeado o acesso à nascente do rio Almonda, alegando motivos de segurança, para indignação e estupefacção da população local. A Agência Portuguesa do Ambiente teve conhecimento da situação, mas nunca tomou uma atitude, embora tenha afirmado, tal como o Ministério do Ambiente, que a Renova não pode impedir o acesso à nascente do rio.
No ano seguinte, depois do BE ter questionado o Governo sobre a utilização privativa de águas do rio pela Renova, a empresa afirmou que “dado o interesse manifestado pela nascente do Almonda” estava “a estudar a possibilidade de organizar visitas, em segurança, mantendo inalterado o ambiente natural”. Sobre o acesso vedado há vários anos, a Renova sublinhou que se trata de propriedade privada.

CDU acusa Renova de precariedade laboral

A eleita da CDU, Cristina Tomé, afirmou após a votação da recomendação que a Renova é uma empresa que se afirma empregadora, mas que, no entanto, as contratações de quem lá trabalha são feitas por intermédio de outras empresas. Um modelo que, na opinião da CDU, serve apenas para que os despedimentos, encobertos por “rescisões por mútuo acordo”, sejam conseguidos após “processos intimidatórios que colocam os trabalhadores entre a espada e a parede”.

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