Sociedade | 08-11-2022 14:59

Burlas a clientes da Caixa de Crédito Agrícola<br>já chegaram às empresas da região

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Continua a crescer o número de clientes do Crédito Agrícola que foram vítimas de burla informática. Em Outubro, dois empresários de Alcanena e Vila Franca de Xira foram lesados em quase 50 mil euros. O banco diz que o sistema online de acesso à conta é seguro mas a situação está a causar alarme social.

Burlões informáticos lesaram pelo menos oito clientes da Caixa de Crédito Agrícola na região ribatejana e conseguiram mais de 65 mil euros recorrendo a sites falsos e a esquemas de phishing através de chamadas telefónicas (vishing) para obter informações confidenciais. Dois dos últimos ataques ocorreram em Outubro e lesaram em 29.992 euros a C. Mata Export, empresa de mármores e granitos com sede em Alcanena, e um empresário de Vila Franca de Xira em 18 mil euros. A Caixa Agrícola descarta responsabilidades e o caso está a gerar alarme social entre os clientes da instituição bancária. As queixas dos lesados seguiram para a Polícia Judiciária e Ministério Público.
Embora os nomes utilizados no contacto telefónico e os destinatários das contas que recebem as transferências fraudulentas sejam distintos, o esquema utilizado tem sido quase sempre o mesmo. “Ligou uma pessoa que disse chamar-se Inês Pereira, da Caixa Agrícola, a perguntar se tínhamos feito alguma transferência no valor de 14.900 euros”, começa por relatar a O MIRANTE o gerente participante da C. Mata Export, Vítor Almeida. Depois de não conseguir aceder à conta pelo método habitual numa tentativa de cancelar a transferência suspeita, a mulher ao telefone refere que a conta foi bloqueada por precaução e que o acesso deve ser feito através de um link, enviado por e-mail. O e-mail é aberto e “ao mesmo tempo surge no ecrã do computador um rectângulo com seis pontos, igual ao que aparece no acesso à conta online para validar operações”. Já nesta página fraudulenta, o cliente é convencido a inserir um novo código de acesso.
Quando a chamada com a pessoa que se identificou como Inês Pereira termina, 14.996,13 euros tinham sido debitados da conta da C. Mata e transferidos para um titular de nome masculino. Num espaço de tempo que se desconhece, mas já depois de um funcionário oficial da instituição bancária ter assegurado que a conta estava bloqueada, há uma segunda transferência no valor de 14.996,14 para um titular com nome feminino, lesando a empresa num total de 29.992,27 euros. Vítor Almeida apresentou, a 10 de Outubro, queixa-crime nos serviços do Ministério Público do Departamento de Investigação e Acção Penal de Santarém.
Tanto no caso da C. Mata como no de um empresário de Vila Franca de Xira, que pede para não ser identificado, a pessoa ao telefone fez menção acertada de transferências e pagamentos que haviam sido realmente efectuados. “Sabiam o saldo, as últimas transferências, onde e quando tinha posto gasóleo a última vez e o número de adesão da chave multi-canal”, refere o empresário vilafranquense com gestão de conta no balcão do Crédito Agrícola de Pernes e Alcanhões, lesado em 18 mil euros. Apresentou queixa na Polícia Judiciária, onde deram entrada pelo menos outras seis referentes a burlas informáticas relacionadas com clientes de balcões da Caixa Agrícola do distrito de Santarém. O MIRANTE questionou a PJ sobre o andamento do processo mas não obteve resposta até à data de fecho desta edição.

Contas para onde são feitas as transferências são abertas on-line

Os casos, tal como O MIRANTE tem vindo a noticiar têm crescido nos últimos meses e estão a gerar apreensão nos clientes que vão tomando conhecimento das burlas. Patrícia Pote e Diana Cristina, ambas do concelho de Salvaterra de Magos, tal como outra residente que falou com O MIRANTE, e Pedro Barbosa, de Samora Correia, são outros dos clientes lesados, ao todo, em cerca de 17.649 euros, através do mesmo esquema. Nenhum conseguiu reaver o montante transferido para contas bancárias de diferentes titulares que foram, em todos os casos, abertas on-line. Um método que não obriga o titular a deslocar-se a uma agência e que, segundo o Crédito Agrícola, se concretiza em cinco minutos.
O Crédito Agrícola (CA) pronunciou-se em Setembro acerca das burlas, após a publicação da notícia de O MIRANTE e posteriormente de outros órgãos de comunicação social, afirmando não existir qualquer fragilidade no sistema online do banco e reiterando que a “cibersegurança é tema prioritário”e que “o investimento nesta área é contínuo”. A instituição, que garante não fornecer dados dos seus clientes a terceiros, refere ainda que tem vindo a alertar para episódios de phishing e que o banco não telefona a clientes a pedir para cancelar transferências bancárias.
Considerando que as acções de phishing são cada vez mais recorrentes, o CA afirma que “actua prontamente sobre todas as situações que lhe são reportadas pelos clientes e acciona todos os mecanismos com vista a recuperar os montantes transferidos no âmbito das burlas de que são alvo”, participando as ocorrências aos órgãos judiciais competentes.

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