Sociedade | 22-05-2022 15:00

Caminhos rurais que ligam o Entroncamento à Quinta da Cardiga em risco de desaparecerem

João Correia é um dos moradores que tem sido surpreendido com a eliminação do uso público dos caminhos

Cidadãos querem continuar a poder caminhar e pedalar por trilhos que são utilizados há mais de meio século e que agora estão a ser arrasados ou vedados pelo novo proprietário dos terrenos.

João Correia costuma dar a sua volta diária de bicicleta pelos caminhos rurais que ligam a zona nova do Entroncamento à vizinha Quinta da Cardiga, já no concelho da Golegã. Por vezes, vai passear os seus cães às 08h00 e encontra muita gente a caminhar pela mesma zona. Mas esses passeios podem estar por um fio porque os terrenos mudaram de dono e os caminhos utilizados há décadas pela população estão a ser vedados ou arrasados. A situação está a gerar revolta na comunidade e protestos junto do município.
“Nós só queremos um caminho, uma vereda para podermos circular porque a alternativa é a berma da Estrada Nacional 365, que liga à Golegã, e que é muito perigosa porque circulam ali centenas de camiões por dia. Entendemos que vedem os terrenos por causa dos roubos mas só precisamos de um caminho para continuarmos a utilizar”, explica João Correia, 58 anos, funcionário da CP. O caso foi falado em sessão camarária no Entroncamento depois dos vereadores do PSD terem recebido um email de um munícipe que expôs o problema.
No email, a que O MIRANTE teve acesso, o munícipe explica que o novo proprietário do terreno, inserido em local de passagem dos caminhos rurais, “vedou, alterou, indiscriminadamente e ilegalmente, aquilo que não podia fazer, sem que ninguém metesse travão”. Refere que vários caminhos foram destruídos, vedados e modificados. “Foram destruídos os caminhos junto à Ribeiro de Santa Catarina até à berma da Estrada Nacional 365. Também foi destruído um caminho que ia desde a zona da Cidade Nova à EN 365 perto da entrada da Quinta da Cardiga. O ano passado, uma pequena área livre foi deslocada deixando o caminho onde as pessoas circulavam de estar em frente à entrada da Cardiga”, lamenta.
O mesmo munícipe alerta para o facto de deixar de haver ligação com o Entroncamento, na Cidade Nova ou junto ao cemitério ou para a nova ETAR. “Isto não pode acontecer. Tem que ser parado já”, criticou, pedindo ao município para que o proprietário pare com o que está a fazer invocando o carácter público dos caminhos. “Compete às autoridades políticas fazer a fiscalização e impor a regularidade da situação, o que não está a acontecer. Isto é a machadada final sobre o que já aconteceu anteriormente com a conivência da Câmara do Entroncamento. O próximo passo da população local só pode ser denunciar a falta de acção a nível superior. Este proprietário não está a parar a sua acção destruidora e a câmara nada está a fazer”, acusa.
O presidente da Câmara do Entroncamento referiu que o assunto está em avaliação nos serviços jurídicos do município. O autarca acrescentou que o proprietário “assumiu que irá criar alternativas ao longo da linha de água e ao longo da estrada nacional que liga o Entroncamento à Golegã”, concluiu. O MIRANTE contactou o proprietário dos terrenos em causa através de email mas até ao fecho da edição não recebemos qualquer resposta.

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