Sociedade | 03-10-2022 21:00

Chove no gabinete médico do Posto de Saúde de Alcoentre

Necessidade de obras no pólo de saúde de Alcoentre está identificada

Médico recém-colocado foi surpreendido pela água da chuva a entrar no seu gabinete. Administração Regional da Saúde identificou necessidade de obras no valor de 96 mil euros mas a Câmara de Azambuja garante que são precisos 300 mil. Autarcas locais temem saída do médico devido às condições “indignas”.

Sempre que chove, no Posto de Saúde de Alcoentre a água escorre pelas paredes já manchadas pela constante humidade. No dia 15 de Setembro o cenário voltou a repetir-se e apanhou de surpresa o novo médico de família que acabava de ali ser colocado em regime de prestação de serviços. Além da chuva a cair no gabinete do clínico e na sala de enfermaria, o que se deve à falta de cobertura no telhado, há necessidade de substituir canalizações, loiças das casas-de-banho, o piso e realizar pinturas interiores e exteriores. A Administração Regional da Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo tem conhecimento da situação e até já fez uma vistoria ao local para anotar as obras necessárias, que não devem arrancar tão cedo.
De acordo com o presidente da Câmara de Azambuja, Silvino Lúcio, a ARS diz que são precisas obras no valor de 96 mil euros mas a autarquia que também já inspeccionou o local entende que os trabalhos necessários para dar condições dignas aos utentes e profissionais não custam menos de 300 mil euros. “Há uma diferença de 200 mil euros que já reportamos à ARS e Ministério da Saúde”, disse o autarca a O MIRANTE, acrescentando que “se a passagem da delegação de competências na área da saúde não vier acompanhada dessa bolsa de valor para as obras”, o município não aceitará.
A falta de condições no Posto de Saúde de Alcoentre tem criado constrangimentos aos profissionais e utentes e está a preocupar o autarca que teme que o novo clínico abandone o posto de trabalho e que outros não aceitem trabalhar naquelas condições. O assunto foi também falado na última reunião de câmara de Azambuja, a propósito da falta de médicos que afecta mais de 80% da população do concelho. Depois de Silvino Lúcio anunciar a entrada de mais um médico no pólo de Alcoentre, o vereador Rui Corça (PSD) alertou para a possibilidade de o clínico trabalhar um dia e não regressar pela falta de condições de trabalho. Silvino Lúcio já tinha dito, em sessão camarária anterior, que a autarquia estava disponível para realizar as obras mas que a ARS recusou.

Em Azambuja o problema é a climatização
Mas há outras situações que evidenciam a falta de investimento nos edifícios da saúde no concelho. No Centro de Saúde de Azambuja, onde a falta de médicos é já um problema crónico, o ar condicionado não funciona desde que a unidade foi inaugurada em 2007. Para Armando Martins, porta-voz do movimento Pela Saúde em Azambuja, é inadmissível que no Verão os doentes tenham que “suportar temperaturas de 40 graus” e que no Inverno passem frio, sobretudo os bebés que fazem pesagem.
Outra das grandes dores de cabeça, disse a O MIRANTE, são as centrais telefónicas que “não funcionam como deviam” e que carecem de uma substituição urgente para que as funcionárias possam devolver as chamadas aos utentes que ligam para tentar marcar consulta.
Desde o final de Agosto, recorde-se, que os utentes afectos às unidades de saúde de Azambuja e Aveiras de Cima estão a ser aconselhados a procurar o Serviço de Atendimento Permanente de Benavente, o Centro de Saúde da Póvoa de Santa Iria ou o Hospital de Vila Franca de Xira para atendimento devido à falta de médicos naquelas unidades.

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