Criança de três anos vivia com mãe e avó em condições degradantes em S. João dos Montes
As duas mulheres ocuparam ilegalmente uma casa devoluta em São João dos Montes, Alhandra, e a forma insalubre como viviam foi descoberta pelas autoridades quando formalizaram o despejo. Havia lixo e um cheiro intenso a porcaria por toda a casa, contaram os intervenientes.
Uma criança de três anos foi encontrada a viver com a mãe e a avó numa casa sem condições de higiene em São João dos Montes, Alhandra, e o caso chocou a comunidade e as autoridades. A família ocupou a habitação de forma ilegal há quase dois anos sem pagar renda. A dona do imóvel recorreu à justiça para reaver o seu património e a operação policial de desocupação da casa teve lugar na manhã de 22 de Junho depois das autoridades judiciais terem obtido a garantia que os ocupantes seriam realojados em casa de familiares no vizinho concelho de Loures.
A mãe da criança, com cerca de 20 anos, não tem ocupação profissional conhecida. O que os agentes da autoridade encontraram quando cumpriram o mandado judicial e arrombaram a porta da habitação deixou-os em choque. “Um cheiro intenso a porcaria por toda a casa, sem higiene em todos os espaços, lixo no interior e o bacio da criança com porcaria a transbordar”, relata fonte judicial que acompanhou o caso a O MIRANTE. Alguns membros da comitiva chegaram a sentir-se mal com o cheiro e tiveram de sair da casa. No interior quase não havia comida e a insalubridade ficou patente em várias fotos tiradas pelas autoridades. A criança não tinha sinais de violência física mas aparentava estar mal nutrida. Os moradores reuniram os seus poucos pertences e saíram da habitação cumprindo o mandado judicial.
A Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em risco (CPCJ) de Vila Franca de Xira diz que a situação não está sinalizada nem a ser acompanhada e que só o pode fazer depois de receber uma comunicação oficial das autoridades judiciais ou policiais, o que ainda pode vir a acontecer nos próximos dias já depois do fecho de edição deste jornal.
“Acompanhamento às famílias disfuncionais é, por vezes, muito precário”
A presidente da CPCJ de Vila Franca de Xira, Ana Matos, confirma que ocasionalmente os técnicos encontram crianças a viver em situações de risco em casas com pouca salubridade mas que essa já não é a problemática dominante no concelho mas sim a violência doméstica, sexual e saúde mental dos menores.
“Ainda existe um défice no domínio das competências domésticas e há muito que defendo que deveria existir na comunidade equipas específicas de técnicos que trabalhassem essas competências junto de algumas famílias. Coisas simples como saber fazer a higiene e limpeza dos espaços ou saber cozinhar uma sopa”, defende. O acompanhamento que é feito às famílias disfuncionais é, por vezes, muito precário e isso também poderá originar situações como esta, considera a responsável.