Sociedade | 15-04-2022 12:00

Demolição de jardim-de-infância do Entroncamento divide autarcas

fotoDR

Maioria socialista liderada por Jorge Faria optou pela solução radical enquanto o PSD e o LNEC defendem a avaliação de outras soluções como a reabilitação da estrutura. Deitar abaixo o edifício, com apenas 15 anos, e construir um novo vai custar mais de 2 milhões de euros ao erário municipal.

A Câmara do Entroncamento vai gastar 2,1 milhões de euros na demolição e reconstrução do Jardim-de-Infância Sophia de Mello Breyner Andresen – um edifício com apenas 15 anos encerrado por razões de segurança devido a problemas estruturais -, apesar de um relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) não considerar imprescindível essa opção radical e até abrir a porta a outras soluções.
A questão tem dividido o executivo camarário liderado pelo socialista Jorge Faria, com o PS e o vereador do Chega a aprovarem recentemente a proposta de demolição do edifício, enquanto os vereadores do PSD, partido que estava no poder quando o jardim de infância foi construído, a votarem contra. Os social-democratas defendem a realização de um estudo custo-benefício que aponte qual a solução técnica economicamente mais vantajosa: a da demolição ou a da reabilitação do imóvel. Essa é também a opinião de um estudo do LNEC a que O MIRANTE teve acesso. No documento afirma-se que a solução a adoptar para o edifício deverá ter em conta as conclusões de um estudo custo-benefício que equacione diversas alternativas, incluindo a reabilitação e a reconstrução.
“Em lado nenhum do relatório é aconselhada a demolição do edifício. Diz que deve ser elaborado um estudo para avaliar o que é mais favorável”, criticou o vereador do PSD Rui Gonçalves, acrescentando que um dos técnicos do município disse não acreditar que a escola caia.
Quem também se tem manifestado contra a decisão do presidente da Câmara do Entroncamento em mandar demolir o edifício tem sido João Fanha Vieira, vereador da Educação na altura em que a escola foi construída. João Fanha garante que foram feitos estudos geotécnicos que garantem que o terreno onde está o jardim-de-infância é sólido e que “não há por onde abater”. O ex-autarca acusa o actual executivo socialista de “destruir a escola de forma leviana e pouco reflectida, até porque não foram apresentados quaisquer estudos que justifiquem a demolição do edifício por comparação à sua reabilitação”, realça.
Caso usado como arma
de arremesso político
Recorde-se que, em Março de 2021, o município decidiu encerrar o Jardim-de-Infância Sophia de Mello Breyner Andresen na sequência de um relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) que apontava falta de condições de segurança no edifício, que custou cerca de 1,2 milhões de euros. O município mudou seis turmas e funcionários para outras escolas do concelho apressadamente.
Na reunião de 19 de Abril de 2021 Jorge Faria levou uma proposta para se avançar com a demolição do imóvel e ratificar o encerramento do jardim-de-infância. A cinco meses das eleições autárquicas, que decorreram em Setembro e onde Jorge Faria venceu por 62 votos de diferença, o autarca decidiu avançar com a demolição do edifício por existirem “demasiados constrangimentos para que a opção de reabilitação seja mais económica”, disse na altura.
Nessa reunião de 19 de Abril de 2021, Jorge Faria leu algumas conclusões do relatório do LNEC que aponta “fragilidades técnicas do projecto, fraca qualidade de construção e fiscalização insuficiente” concluindo que o edifício “necessita de uma intervenção de reconstrução ou requalificação global e profunda”.

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