Sociedade | 23-01-2022 12:00

Edição Semanal. Casas e bairro dos Avieiros de Vila Franca de Xira estão uma miséria e ao abandono

Edição Semanal. Casas e bairro dos Avieiros de Vila Franca de Xira estão uma miséria e ao abandono

Comunidade piscatória sente-se abandonada e diz que a situação está insustentável. Arrecadações são provisórias há década e meia e estão a degradar-se. O MIRANTE passou uma manhã com os pescadores e visitou um cais que mais parece uma lixeira a céu aberto e algumas casas onde há mais bolor que tinta.

A comunidade avieira de Vila Franca de Xira não esconde a indignação e revolta por ter de trabalhar num cais sem condições e que mais parece uma lixeira a céu aberto, fruto de décadas sem qualquer limpeza ou requalificação. O cais é pequeno, as arrecadações provisórias construídas há década e meia tornaram-se definitivas e estão estragadas, são exíguas e os pontões têm a madeira podre e a desfazer-se. Não há espaço para guardar as redes. Não há contentores do lixo. O mato não é cortado.
Quem vive do sustento dado pelo rio não cala a indignação de se ver abandonado pelo município há décadas. “Arranjaram tudo em Alhandra e Póvoa de Santa Iria e nós ficámos aqui esquecidos”, lamenta Fernando Mirão. Outro pescador avieiro, Luís Santos, foi à última reunião de câmara dizer na cara dos políticos a vergonha que sente em ver o estado do bairro.
O vereador da coligação Nova Geração, David Pato Ferreira, classificou a zona como uma lixeira a céu aberto e criticou a postura de desresponsabilização do executivo socialista em resolver o problema. “A situação tem-se degradado e era bom que depois do período eleitoral tivéssemos feito alguma coisa porque os problemas continuam por resolver”, criticou. Também o vereador Barreira Soares, do Chega, avisou que com tanto mato por cortar, lixo e combustível armazenado nas arrecadações precárias de madeira o cenário mais parece um paiol pronto a explodir a qualquer momento. “Estou sem palavras”, lamentou. Do lado da CDU, Nuno Libório condenou o “total alheamento da câmara” na reabilitação do bairro. “Infelizmente é um assunto com barbas”, lamentou.
O presidente do município, Fernando Paulo Ferreira, prometeu enviar a fiscalização municipal ao cais dos avieiros para aferir das diferentes situações e prometeu estudar a colocação de um contentor do lixo na zona. Mas não se comprometeu com obras de requalificação do cais.

“Estávamos melhor nas casas de madeira”

Outro dos pontos que preocupa os moradores é o estado de degradação das habitações, construídas pela cooperativa de habitação Promocasa no âmbito do Programa Especial de Realojamento. Um defeito na construção leva a que as casas tenham infiltrações permanentes e chega mesmo a chover no interior, causando bolores e paredes a desfazer-se.
A casa onde Rui Filipe vive com os pais é disso exemplo e pode ser vista no vídeo de O MIRANTE. “Estávamos melhor nas casas de madeira do que nestas a respirar ar com bolor”, lamenta. Há várias habitações a sofrer do mesmo problema há mais de dez anos sem que se resolvam os problemas de fundo.
A Promocasa recebeu as verbas do programa PER a fundo perdido e os empréstimos a custos bonificados para desenvolver a construção das casas. O município cedeu o espaço em direito de superfície e as obras avançaram ficando a Promocasa dona dos imóveis. O problema é que, antes da pandemia, a cooperativa abriu insolvência e gerou-se um imbróglio: a câmara não pode intervir em casas que legalmente ainda não são suas e a Promocasa, falida, não vai intervir nas reparações que lhe competem.
Segundo Fernando Paulo Ferreira, uma das ideias para resolver o problema passa pelo Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU). “O IHRU é um dos credores da Promocasa e se ele ficar com os imóveis poderá fazer a transferência para a câmara para podermos intervir nas casas”, explica o autarca, que considera a situação urgente e inadiável e garante que está a trabalhar para ficar com a posse dos imóveis. Logo que isso aconteça, garante, as casas serão alvo de reparação profunda. O que ainda deverá demorar alguns anos para desespero da comunidade.

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