Sociedade | 26-06-2022 12:00

Estações ferroviárias sem sanitários em VFX deixam passageiros em apertos

A estação da Póvoa de Santa Iria, uma das mais movimentadas da linha da Azambuja, não tem sanitários públicos a funcionar

Quem precisa de usar os sanitários das estações ferroviárias é obrigado a ir aos cafés das proximidades ou, como acontece na Póvoa de Santa Iria, a aliviar-se em plena rua. A situação já motivou queixas da comunidade e dos autarcas, que aprovaram uma moção pedindo soluções urgentes. Infraestruturas de Portugal admite estar a avaliar o problema.

Não há casas-de-banho públicas a funcionar na maior parte das estações de comboios do concelho de Vila Franca de Xira e a situação, para os utentes e a comunidade, não é aceitável e está a gerar revolta. De todas as estações visitadas por O MIRANTE apenas Vila Franca de Xira e Alverca tinham os sanitários em funcionamento. Quem utiliza o comboio na estação da Póvoa de Santa Iria é obrigado a recorrer aos cafés das proximidades ou a aliviar-se nas esquinas a céu aberto junto à estação. Uma opção pouco higiénica que tem gerado críticas dos autarcas, com o vereador Barreira Soares, do Chega, a referir-se à situação em reunião de câmara como “desumana” e “terceiro-mundista”. A Assembleia de Freguesia da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa também aprovou uma moção exigindo a rápida resolução do problema.
Quem usa a estação da Póvoa de Santa Iria não poupa nas críticas. Júlio Gonçalves é funcionário fabril e também ele já foi obrigado a urinar no exterior da estação. Mas não é caso único, referindo que já encontrou ao final do dia uma empregada de limpeza da estação a recolher dejectos humanos nos perímetros da ferrovia e a limpar o interior do elevador que “tresandava a urina”. Na estação de Castanheira do Ribatejo os sanitários também estão fechados há vários anos e não há cafés nas proximidades. Em Alhandra a estação nem sequer foi projectada para ter sanitários, o que deixa os utilizadores dos comboios ainda mais incrédulos e aflitos.
A decisão de encerrar os sanitários na Póvoa de Santa Iria e na Castanheira do Ribatejo decorre de terem sido alvo frequente de furto, destruição de equipamentos e sujidades, explica a Infraestruturas de Portugal (IP) a O MIRANTE. A entidade responsável pela gestão das estações refere que estes actos de vandalismo “acabaram por colocar em causa a segurança, higiene e saúde dos utentes”, forçando o seu encerramento. A empresa admite estar consciente da importância que representa a existência de casas-de-banho nas estações e por isso explica que está a avaliar em que condições as instalações poderão ser reabertas “num futuro próximo garantindo as indispensáveis condições de segurança e higiene”. Já sobre a estação de Alhandra a empresa afirma não estar prevista a colocação de sanitários.
A Câmara de Vila Franca de Xira garante que tem feito todas as diligências necessárias junto da IP para que os sanitários sejam reabertos e garante um “contacto constante” nesse sentido. “Com maior insistência recentemente expusemos a situação e aguardamos a célere reabertura destas instalações”, explica o município.

À margem/Opinião

Esgoto ao virar da esquina

A falta de casas-de-banho públicas nas estações de comboio pode parecer uma coisa de somenos para quem está nos gabinetes de Lisboa mas não é para quem usa o comboio todos os dias. Os autarcas estão a clamar por intervenções e os utentes também mas ninguém os parece ouvir. Uma imagem pouco própria de um país que se gaba de ser moderno e que não dignifica a comunidade nem os responsáveis pela estação que continuam a culpar o vandalismo pela sua inabilidade em assegurar trabalhadores suficientes para manter as casas-de-banho limpas e condignas. Fechar é a medida mais fácil e barata para um problema que se arrasta há mais de dez anos e, tal como a porcaria que se vai acumulando, já começa a cheirar mal….

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