Sociedade | 02-07-2022 10:00

Ex-bastonário da Ordem dos Engenheiros arrasa solução Montijo para novo aeroporto

Carlos Matias Ramos, exbastonário da Ordem dos Engenheiros, não poupou nas palavras. José Encarnação, da Plataforma Cívica “Aeroporto na BA6 Montijo Não!” – fotosDR

Parlamento ouviu durante mais de três horas várias entidades sobre o concurso público para a avaliação ambiental estratégica sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa e restaram poucas dúvidas que a solução Alcochete é o caminho a seguir. Líder de plataforma cívica acusa o processo de ser uma fraude. Ex-bastonário da Ordem dos Engenheiros fala num aeroporto “metido a martelo” num espaço sem condições.

O ex-presidente da Ordem dos Engenheiros, Carlos Matias Ramos, arrasa por completo a solução Montijo para a localização do novo aeroporto internacional de Lisboa e não tem dúvidas que a solução Alcochete, em que uma das pistas já entrará dentro do concelho de Benavente, é a direcção a seguir para o futuro.
Ouvido no dia 21 de Junho, numa audição na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação sobre o concurso público para a avaliação ambiental estratégica sobre a localização do novo aeroporto, o responsável não poupou nas críticas ao processo e diz que se trata de uma tentativa da concessionária Vinci, dona da ANA Aeroportos, para “enfiar a martelo” um aeroporto num espaço inviável do ponto de vista da engenharia.
“É meter o Rossio na rua da Betesga. A documentação fornecida no concurso é totalmente desajustada e suscita imensas dúvidas sobre a sua exequibilidade”, afirmou. Perante os deputados, Carlos Matias Ramos não teve dúvidas e afirmou que Alcochete não compromete o futuro, o bem-estar e a saúde das populações e tem “racionalidade estratégica, económica e ambiental” e que a solução Portela/Montijo não tem qualquer futuro. O também professor na Universidade Lusófona conhece de perto os impactos de ter aviões a sobrevoar as habitações. “Quando passa um avião para a Portela tenho de interromper a aula. O Montijo vai afectar 130 mil habitantes com excesso de ruído”, avisa.

Ou se resiste ou se desiste
O ex-bastonário diz que é preciso continuar a resistir e a questionar todo o processo do novo aeroporto do Montijo. “Tenho lutado para que não haja achismo neste processo. Toda a gente acha alguma coisa. O que é preciso são factos. Dizer que o Montijo é mais rápido de construir é uma falácia”, acusa o engenheiro que, sustenta, em Alcochete até poderia nascer uma cidade aeroportuária, com serviços, dormidas e, quiçá, campos de golfe. “Lá porque tenho um calhambeque, por mais que tente não o consigo transformar num Rolls Royce. É isso que querem fazer no Montijo”, critica.
Um exemplo passa pelos fluxos máximos de aviões por hora: 24 estimados para o Montijo face aos 100 de Alcochete. “É preciso um grande esforço de imaginação para ver no Montijo uma boa solução. Estão a deitar areia para os olhos das pessoas. Nenhum país usaria uma solução destas”, criticou.
Na audição foram também ouvidos o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) – que defendeu que Alcochete é a melhor solução a longo prazo para o país – e a plataforma cívica “Aeroporto no Montijo Não”, com o seu líder, José Encarnação, a avisar que a solução Montijo “destruiria o Samouco” e que todo o processo é um “intricado de coisas nublosas”, começando pelo acordo de entendimento assinado entre o Governo e a concessionária do novo aeroporto. “É uma fraude”, acusa.

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