Sociedade | 19-09-2022 21:00

Exames de condução em Santarém a passo de caracol

Catarina Silva está desde Março a aguardar resposta ao pedido de marcação de exame de condução

A delegação de Santarém do IMT – Instituto da Mobilidade e dos Transportes chega a demorar mais de meio ano para efectuar os exames de condução solicitados pelas escolas. São vários os cidadãos indignados com a situação, causada pela falta de examinadores.

A delegação de Santarém do IMT – Instituto da Mobilidade e dos Transportes está a demorar mais de meio ano para marcar os exames de condução depois dos candidatos obterem a aprovação no exame teórico. As queixas vão-se sucedendo junto dessa entidade pública e também têm chegado a O MIRANTE. A falta de examinadores e os pedidos acumulados durante o período de confinamento devido à Covid-19 estarão na origem do problema, conforme se lê numa resposta do IMT a uma reclamação feita por um jovem que aguarda há meio ano pela marcação do exame de condução. Ao que apurámos, o IMT de Santarém já terá pedido a colaboração de outras delegações para disponibilizarem examinadores que possam ajudar a pôr o trabalho em dia.
Catarina Silva, de 18 anos, vive em Fazendas de Almeirim e está desde 28 de Março a aguardar resposta ao pedido de marcação de exame de condução enviado para o IMT de Santarém pela escola de condução a que recorreu. “Os exames de condução estão extremamente atrasados e ninguém resolve este assunto. Mandei e-mails para o IMT mas sem resposta, ligo para lá e ninguém atende, existe apenas um ou dois examinadores no centro de exames e neste exacto momento estão a ser chamadas pessoas que pediram em Janeiro o seu exame”, relatou a jovem a O MIRANTE na passada semana. “É algo inadmissível, pois tenho amigos meus que começaram a tirar a carta muito depois de mim e já a possuem por pagarem para ir ao privado tendo um centro de exames mais perto de casa”, reforça.
Refira-se que o recurso a centros de exames privados é inviável para quem iniciou o processo no IMT e ali fez o exame de código, sendo obrigatório por lei realizar o exame de condução na mesma entidade onde foi realizado o exame teórico. “Estou seriamente triste e desesperada com esta situação, pois sou uma jovem estudante que trabalha e a carta é algo fundamental neste momento. Por favor, peço que me ajudem a expor esta miséria e que haja alguém que consiga ser ouvido uma vez que nós alunos estamos silenciados”, apela Catarina Silva.
No final de Junho último, outro cidadão havia contactado por e-mail o nosso jornal para denunciar o que considerava ser o mau serviço prestado pelo IMT, referindo que eram diversos os alunos e escolas de condução que aguardam vários meses por exames de condução. “Tal situação afecta muitos jovens cidadãos. Seja pela falta de requisitos em diversos empregos (pois não têm carta de condução), bem como afecta seriamente a mobilidade em zonas com pouca frequência de transportes públicos”, lamentava Miguel Graça.

“A situação no IMT de Santarém não pode ser permitida”
Críticas ao IMT de Santarém estão também acessíveis ao público no Portal da Queixa do IMT – Instituto da Mobilidade e Transportes, onde, em 12 de Agosto último, um cidadão que assinou como Miguel Pereira chamou os bois pelos nomes e não escondeu a sua indignação: “Basicamente, a situação no IMT de Santarém é algo que não pode ser permitido. Pedi exame de condução em Fevereiro e ainda nem data tenho marcada e já lá vão em breve sete meses e nada feito. Como é que um centro de exames de IMT numa capital de distrito como Santarém não consegue trabalhar melhor? E nada fazem para acelerar os exames que estão em fila de espera. Ou existe falta de examinadores ou de organização, algo se passa, mas não é admissível”.
Na resposta à exposição do cidadão, o Portal da Queixa informa que solicitou esclarecimentos sobre a situação exposta ao serviço receptor do processo em causa. O MIRANTE também contactou o IMT de Santarém para tentar obter mais esclarecimentos sobre o assunto, mas as questões enviadas por correio electrónico há mais de uma semana não obtiveram qualquer resposta até à data.

Queixas já são antigas

A falta de examinadores na delegação de Santarém do IMT e noutras não é de agora e já era notícia bem antes da pandemia. Em Junho de 2017 o Jornal de Negócios informava que o IMT tinha apenas 41 examinadores nas duas dezenas de centros do Estado, o que estava a gerar atrasos na marcação dos exames de condução. Os distritos apontados como os mais afectados eram os de Bragança, Leiria, Lisboa, Setúbal, Santarém e Faro.

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