Sociedade | 12-01-2022 12:00

Governo instala 170 refugiados em Fátima sem informar o município

Governo instala 170 refugiados em Fátima sem informar o município

Alto Comissariado para as Migrações hospedou refugiados provenientes do Afeganistão numa unidade hoteleira em Fátima e durante uma semana não deu conhecimento à Câmara de Ourém. Luís Albuquerque fala em desprezo do Estado pelas autarquias locais.

O Alto Comissariado para as Migrações, um instituto público que, entre outras funções, apoia a integração de refugiados na comunidade portuguesa, encaminhou cerca de 170 afegãos para Fátima sem dar conhecimento prévio à Câmara de Ourém. A informação foi transmitida por Luís Albuquerque, presidente da autarquia, na última sessão de assembleia municipal, que se realizou a 28 de Dezembro. O autarca respondeu a uma questão colocada pela eleita do CDS, Cristela Marto, que procurou saber como está a ser gerida a situação pelo município.
Luís Albuquerque utilizou um tom assertivo e crítico para definir o comportamento do Governo nesta matéria. “É uma questão que demonstra bem como o Estado trata as autarquias locais. O município de Ourém não foi visto nem achado na colocação destes 170 refugiados no nosso concelho”, afirmou. O presidente referiu que foi informado informalmente por duas entidades locais que os cidadãos estavam hospedados numa unidade hoteleira de Fátima. Apenas uma semana depois, acrescentou, o Alto Comissariado para as Migrações informou a autarquia sem solicitar qualquer tipo de intervenção ou pedir consentimento. No mesmo momento, os serviços municipais colocaram-se à disposição para ajudar no que fosse necessário, no entanto, informou, o instituto público adiantou que os refugiados “estavam só de passagem e que brevemente iriam ser reconduzidos para outras localidades”.
Como isso não aconteceu, as 170 pessoas começaram a precisar de cuidados de saúde e de serem transportadas para realizar a vacinação contra a Covid-19 e, disse o autarca, algumas jogadoras da selecção de futebol do Afeganistão quiseram voltar a treinar. “Foi só nessa altura que nos voltaram a contactar para apoiarmos, algo que fizemos imediatamente”, salientou, acrescentando que soube, entretanto, e por outras pessoas, que têm existido contactos com escolas no concelho para os refugiados terem formação profissional. “São tudo conversas realizadas à revelia do município. É este o estado da arte: a câmara não tem sido vista nem achada neste processo”, insistiu.

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