Sociedade | 05-07-2022 21:00

Há quase 60 mil utentes sem médico de família no Médio Tejo

Directora do Agrupamento de Centros de Saúde Médio Tejo, Diana Leiria, assume problemas em contratar médicos para a região

A directora do Agrupamento de Centros de Saúde assume os problemas em contratar profissionais, que procuram melhores condições no privado. Ourém, Abrantes e Alcanena são os concelhos mais afectados.

A directora executiva do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Médio Tejo, Diana Leiria, assume que a região tem-se debatido com graves problemas devido à falta de médicos nos centros de saúde, estimando que haja 58 mil utentes sem médicos de família e uma carência de 30 profissionais nas unidades desse território que abrange cerca de uma dezena de municípios do distrito de Santarém.
A responsável deu a cara na concentração de utentes, em Riachos (Torres Novas), que protestaram contra a falta de médicos na tarde de 23 de Junho e informou que está a decorrer um concurso público de ingresso na carreira pública de médico de família com 12 vagas abertas para essa sub-região. Diana Leiria aponta como causas desta carência as melhores condições que o sector privado oferece aos profissionais, em Portugal e no estrangeiro.
Diana Leiria garantiu ainda que o ACES Médio Tejo tem desenvolvido esforços para colmatar a falta de médicos através da contratação de médicos em regime de prestação de serviços e de médicos reformados. Ainda assim a directora assume que não é suficiente e que o ideal seria uma “equipa de família com um médico e um enfermeiro”.

Mais de metade da população de Alcanena não tem médico de família
Um exemplo da carência de médicos na região é o concelho de Alcanena, onde mais de sete mil utentes não têm médico de família atribuído numa população com 12.478 residentes, segundo os Censos de 2021. “É, em termos percentuais, a situação mais grave, embora, em termos absolutos os concelhos de Ourém (perto de 15 mil) e Abrantes (9 mil) estejam em pior situação”, explicou Manuel Soares, porta-voz da Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo, durante uma manifestação organizada por essa entidade no dia 23 de Junho em Alcanena.
No Médio Tejo faltam mais de 30 médicos de família, “com a perspectiva de mais uma dezena até ao final do ano poderem vir a reformar-se”, disse. A opção tem passado pela contratação de serviços e pelo convite aos médicos que se reformam para continuarem a trabalhar.
Sobre a recente abertura de concurso para a contratação de médicos, Manuel Soares alertou que é preciso “prudência” na análise das vagas. O porta-voz da CUSMT afirmou que, no concurso aberto a 16 de Junho, dos 22 médicos pedidos pelo Agrupamento de Centros de Saúde Médio Tejo para integrarem o quadro, apenas foram atribuídas 12 vagas, mas três delas destinam-se a médicos que fizeram a especialização na região e já estavam a trabalhar sem ficheiro atribuído. “Há apenas uma actualização do vínculo profissional que têm com o Serviço Nacional de Saúde”, acrescentou, defendendo medidas extraordinárias, imediatas, para resolver o problema do acesso a cuidados de saúde primários, seja com recurso a médicos do quadro ou a prestadores de serviços.

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