Sociedade | 01-03-2022 07:00

Edição Semanal. Idosa vive em condições desumanas em Casais da Lagoa mas recusa ajuda

Gracinda Lopes já recebeu a visita de assistentes sociais e autoridades mas não permite entrem na casa onde vive sem as mínimas condições

Gracinda Lopes vive sem luz, água ou mobiliário no interior da habitação e passa os dias a deambular pelas ruas da localidade do concelho de Azambuja. O caso social, que se arrasta há anos, está entregue ao Ministério Público.

Gracinda Lopes, 88 anos, sem filhos, vive sozinha num cenário desumano, numa casa sem as mínimas condições de higiene e habitabilidade, na localidade de Casais da Lagoa, em Aveiras de Baixo, concelho de Azambuja. Não tem água, electricidade, nem qualquer tipo de mobiliário ou electrodomésticos onde possa cozinhar ou conservar alimentos e tem as janelas e portas partidas. A situação degradante em que vive está a preocupar alguns vizinhos que embora já tenham alertado as autoridades e serviços municipais não vêem o problema ser resolvido.
Mónica Vieira, uma das vizinhas que consegue ver de sua casa o ambiente degradante em que vive a idosa, diz não compreender “como é que um caso tão grave” continua sem desfecho. “O nosso objectivo não é que a tirem daqui, mas que a ajudem a melhorar as condições da casa. Não imaginam o que é ter de viver com este cheiro nauseabundo”, refere.
O presidente da Junta de Aveiras de Baixo, José Martins, refere que se trata de um caso “deplorável” que o próprio já reportou aos serviços de Acção Social da Câmara de Azambuja e Segurança Social e que está nas mãos do Ministério Público (MP).

Idosa “não se deixa ajudar”, diz o presidente do município
O MIRANTE foi encontrar a idosa junto ao portão do terreno de acesso à velha casa, onde já viveu com o seu pai e avó e de onde diz não querer sair. “Não preciso de nada, só que me deixem estar aqui na paz do Senhor”, afirma enquanto cambaleia com um pequeno balde de plástico com restos de “comida para os gatos”.
É no espaço exterior da habitação, que tem lixo e dejectos espalhados por todo o lado, que Gracinda Lopes mantém e alimenta vários gatos, galos, gansos e galinhas. Para matar o frio acende de vez em quando uma fogueira com os plásticos e embalagens que vai acumulando. “Fome? Não passo, nunca passei. E ao médico não vou porque tenho uma saúde de ferro”, atira, ao mesmo tempo que apressa o passo em direcção ao portão.
Segundo o presidente da junta de freguesia, a idosa recebe diariamente refeições quentes fornecidas pelo Centro Social e Paroquial de Aveiras de Baixo.
O presidente do município, Silvino Lúcio, confirmou que o caso é do conhecimento dos serviços camarários e que a idosa se recusa a receber ajuda não permitindo a entrada dos técnicos no interior da habitação. “A senhora não se deixa ajudar, mas vamos tentar novamente uma intervenção”, assegurou o autarca.

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