Sociedade | 21-02-2022 12:00

IEFP pagou em tribunal dividas de 2013 e 2014

António Valadas da Silva podia ter evitado que duas funcionárias do IEFP, Maria da Graça Reynaud e Sandra Alves, fossem a tribunal pôr em causa o trabalho de dois anteriores presidentes do IEFP (foto IEFP)

O MIRANTE recebeu finalmente a dívida do IEFP relativa a três anúncios de 2013 e 2014. Para isso a empresa teve que recorrer ao tribunal. António Valadas da Silva podia ter resolvido o caso com uma assinatura mas deixou que os seus dois anteriores colegas na presidência tivessem que ir a tribunal testemunhar a veracidade dos contratos que estavam a ser postos em causa por duas funcionárias: Maria da Graça Reynaud e Sandra Alves.

O MIRANTE teve que recorrer ao tribunal para receber três facturas devidas pelo IEFP do tempo em que eram presidentes da instituição Octávio Oliveira e Jorge Gaspar. Na sexta-feira, 11 de Fevereiro, a administração de O MIRANTE foi avisada pelo advogado da empresa, Rafael Ferreira da Silva, que o IEFP já devia ter transferido o valor da dívida, cerca de nove mil euros já com juros. Mas a novela ainda não acabou; para O MIRANTE receber o valor devido das custas do processo que o IEFP devia ter pago o advogado de O MIRANTE vai ter que reclamar esse valor já que o IEFP furtou-se ao seu pagamento.
Tal como O MIRANTE já noticiou o Instituto de Emprego e Formação Profissional recusou-se a pagar uma dívida de cerca de 6 mil euros de serviços prestados por O MIRANTE em 2013 e 2014 referente a três anúncios publicados em três edições.
As publicidades são do tempo da presidência do IEFP de Octávio Oliveira e Jorge Gaspar. Estranhamente, a directora do gabinete de comunicação do IEFP, Maria da Graça Reynaud, e a directora financeira, Sandra Alves, tentaram fazer crer, pela voz da advogada Margarida Tinoco, que representou a entidade do Estado em Tribunal, que os acordos feitos com os presidentes e confirmados por estes não podiam ser pagos porque não houve a formalização dos procedimentos contratuais. O argumento é aparentemente ofensivo para os dois anteriores presidentes do IEFP mas, mesmo assim, as funcionárias do instituto mandaram às urtigas a ética e o respeito devido aos seus anteriores presidentes. As funcionárias ignoraram até o facto de as facturas nunca terem sido devolvidas nem contestado o seu pagamento durante as inúmeras vezes que o Instituto foi interpelado para o fazer.
Os argumentos da advogada do IEFP em tribunal para justificar o não pagamento da dívida são aparentemente caricatos se tivermos em conta as responsabilidades do Estado e o respeito que se deve aos seus dirigentes: Margarida Tinoco disse à Juíz Sandra Isabel Fernandes Cardoso que Joana Salgado Emídio, directora executiva de O MIRANTE, à altura dos factos, tinha poder para propor, presumir e decidir dando a entender que na relação com os dois anteriores presidentes do IEFP a directora executiva também tinha uma palavra a dizer na gestão do organismo do Estado.
Apesar do tom exaltado da advogada Margarida Tinoco, e do poder institucional do organismo com quem tem uma avença, a Juiz do Tribunal de Santarém relevou todas as desconsiderações e admitiu perante os factos e as testemunhas que Joana Emídio “foi veemente, objectiva, peremptória, convincente, assertiva e coerente”, em tudo o que disse e provou em Tribunal, deitando por terra todo os planos do IEFP para não pagar o que devia.
Neste caso, segundo Joana Emídio, “há uma prova de falta de lealdade e de desconsideração das duas funcionárias pelos anteriores presidentes, Jorge Gaspar e Octávio Oliveira, que prova que “são elas que hoje, aparentemente, mandam no IEFP”. Joana Emídio diz ainda que trocou várias mensagens de telemóvel com o actual presidente do IEFP, António Valadas da Silva, que se comprometeu a resolver o problema. Mas durou pouco a vontade de Valadas da Silva que, ao fim de quatro contactos, deixou literalmente de responder às mensagens e de atender o telefone depois de lhe ser explicado o que se passava uma vez que o IEFP já não faz publicidade em O MIRANTE há seis anos.
Da audição às duas funcionárias do IEFP em julgamento Sandra Alves chegou a admitir não ter conhecimento de uma factura que a Juiz tinha à sua frente, carimbada e com a referência do despacho de entrada nos serviços do IEFP.
Maria da Graça Reynaud foi confrontada com várias situações em que teve contacto com Joana Salgado Emídio, no período da presidência de Jorge Gaspar, mas perante os factos e as evidências, furtou-se sempre a dar a mão à palmatória chegando ao ponto de dar opinião sobre os poderes dos presidentes do Instituto fazendo crer que as decisões deles não eram legais. O mesmo se passou com Sandra Alves que, ao longo da audiência, insistiu várias vezes na tecla de que o presidente do IEFP à altura não tinha poderes para decidir sem requisições assinadas pelos serviços e os procedimentos escritos. Na sentença, a Juiz Sandra Isabel Fernandes Cardoso não teve em conta os argumentos das funcionárias e decidiu que “os acordos em causa nos autos resultaram de negociações levadas a cabo pela directora de marketing da empresa e directamente com os presidentes do IEFP de então, que aceitaram as propostas para publicação dos referidos anúncios”.

Opinião

Instituições do Estado geridas por bonacheirões

António Valadas da Silva é o bonacheirão que promoveu a ida a tribunal de dois anteriores colegas na presidência do IEFP; tudo por causa de uma dívida de seis mil euros que remonta a 2013 e 2014 que o IEFP já pagou embora só depois de duas funcionárias terem ido a tribunal fazer má figura tentando pôr em causa as decisões de dois dos seus ex-presidentes.

António Valadas da Silva, o actual presidente do IEFP, permitiu que fosse o Tribunal a resolver uma dívida que o seu Instituto tinha com O MIRANTE que remonta a 2013 e 2014 no valor de pouco mais de seis mil euros. A dívida refere-se a três facturas, duas do tempo da presidência de Jorge Gaspar e uma da altura em que era presidente Octávio Oliveira. António Valadas da Silva, num primeiro contacto por telefone para ajudar a resolver o assunto da dívida, que começava a ganhar barbas, foi solicito e colaborador. Poucos dias depois, e ao fim de alguma insistência, deixou de atender o telemóvel e de responder às mensagens. As funcionárias que foram a tribunal pôr em causa decisões de dois anteriores presidentes da instituição devem ter exercido sobre Valadas da Silva um poder que não é normal num presidente de uma instituição do Estado. Tudo o que poderia estar em causa no cumprimento dos compromissos do IEFP Valadas da Silva tinha resolvido com uma simples declaração a assumir as suas responsabilidades. Em vez disso deixou que dois antigos colegas na presidência do Instituto tivessem que ir a tribunal justificar um investimento publicitário num jornal quase uma década depois de terem exercido o lugar que Valadas da Silva ainda hoje ocupa. António Valadas da Silva provou que é um fraca roupa a dirigir um dos maiores organismos do Estado e deixando que as suas subordinadas fossem a tribunal tentar justificar o injustificável, deu um sinal de fraqueza política que só demonstra a sua falta de capacidade de liderança que esconde na atitude de bonacheirão enquanto dirigente político.

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