Sociedade | 03-10-2022 18:00

Jorge Ribeiro emigrou para Inglaterra com 20 euros e já chegou a chefe numa empresa

Jorge Ribeiro deixou a Póvoa de Santarém para emigrar para Inglaterra onde vive há cerca de cinco anos. fotoDR

Jorge Ribeiro é um exemplo de trabalho e sacrifício na procura de uma vida melhor. Foi da Póvoa de Santarém para Inglaterra para dar melhores condições de vida à sua filha, Aline. Foi com 20 euros no bolso mas, ao fim de cinco anos, chegou a chefe de serviços numa empresa.

Jorge Ribeiro tem 33 anos, nasceu em Sacavém, mas foi viver para a Póvoa de Santarém, terra onde nasceu grande parte da sua família, aos 17 anos. Recorda-se de pensar que ia dar um passo atrás na vivência da sua adolescência, mas passado pouco tempo compreendeu a decisão dos pais em quererem viver num ambiente rural e que lhes proporcionasse um estilo de vida mais tranquilo.
Optou por não seguir o ensino superior e, dos 18 aos 25 anos, trabalhou em diversas áreas, nomeadamente no sector vinícola e como operário fabril. Antes de emigrar para Inglaterra Jorge Ribeiro trabalhou alguns meses na construção de linhas ferroviárias. A sua maior aventura começou há 7 anos quando foi pai pela primeira vez. A filha, Aline, fê-lo ganhar um novo propósito na vida; garantir estabilidade emocional e financeira para lhe dar a melhor qualidade de vida possível.
Foi nessa altura que, numa conversa de brincadeira com um amigo que é emigrante em Inglaterra, surgiu a possibilidade de partir para uma nova aventura. Em poucas horas conseguiu arranjar emprego como auxiliar numa empresa de reciclagem e o amigo convidou-o para viver com ele enquanto não arranjava o seu próprio espaço. A empresa pagou-lhe a passagem de avião e, na verdade, não podia ser de outra forma. “Nessa altura só tinha 20 euros no bolso, o dinheiro com que viajei. Tudo me pareceu bom de mais para ser verdade. Caso algo corresse mal tinha de procurar o Consulado mais perto”, conta a O MIRANTE, com um sorriso no rosto.
Está há mais de cinco anos a viver em Stantonbury, uma vila histórica e medieval com pouco mais de 10 mil habitantes, situada a 1h30 de Londres, a capital do país. A adaptação à nova vida foi mais fácil do que pensava. Embora continue a ser difícil lidar com a distância da filha, que ficou a viver com os seus pais, em menos de três meses ficou efectivo na empresa e a vida de emigrante de repente passou a ser o mais natural possível. Actualmente é chefe de serviço e tem ao seu encargo a gestão do trabalho de várias pessoas.
O seu dia-a-dia é assente numa rotina; acorda cedo, não toma o pequeno-almoço, e segue para o emprego, que fica a poucos minutos a pé da sua casa; é sempre assim de quarta-feira a sábado, faça chuva ou faça sol. “Gosto de caminhar e estar em contacto com a natureza, que é uma das imagens de marca desta vila, para além da segurança. O dia corre melhor assim”, sublinha. Jorge Ribeiro fala sempre em inglês e já conquistou grandes amizades, mas ainda há quem olhe para a sua presença de forma negativa. Como vive num meio pequeno sente que as pessoas o vêem como emigrante; “é um rótulo que não gosto nada de ter e apercebemo-nos em pequenas atitudes, num supermercado ou numa ida ao café. Agora percebo melhor o que sentem os estrangeiros que vivem e trabalham em Portugal”, lamenta, acrescentando que essa é uma das razões para sair pouco à noite.
A cerca de 70 quilómetros da sua casa existe uma mercearia portuguesa que ajuda a matar saudades de casa. Embora não se possa deslocar presencialmente, devido à distância, encomenda os produtos pela internet e em menos de 24 horas já está a beber uma cerveja de marca portuguesa e a comer queijo e enchidos do nosso país.

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