Sociedade | 13-04-2022 10:00

José Fragoso é um amigo do ambiente<br>que não se fica pelas palavras

José Fragoso no seu quintal em Boiças, onde tudo o que produz é biológico e regado com a água armazenada que cai do céu

Na casa e no quintal do electricista aposentado residente em Boiças, Rio Maior, quase nada se perde, quase tudo se transforma. José Fragoso é um exemplo de amor ao planeta.

José Fragoso, 76 anos, electricista aposentado, é um exemplo no aproveitamento dos recursos naturais e no combate ao desperdício. Na sua casa e quintal, à beira da EN114, em Boiças, perto de Rio Maior, quase nada se perde, quase tudo se transforma. A água da chuva é encaminhada, por calhas e canos, dos beirais dos telhados para depósitos em plástico e posteriormente utilizada em lavagens, nas casas-de-banho e na rega gota a gota da horta e do jardim.
Os resíduos orgânicos e os verdes das podas das árvores são destinados a compostagem e depois usados como fertilizantes na horta onde tem árvores de fruto e planta couves, batatas, ervilhas, alfaces, cebolas, coentros, salsa, entre outras hortícolas. Tudo produtos biológicos, plantados e colhidos à mão, que consome com a esposa e que abastecem também as despensas das filhas residentes em Lisboa.
A reciclagem é outro conceito que José Fragoso pratica há muitos anos, ainda não havia as campanhas de sensibilização massivas nem a consciencialização para a separação de resíduos que existem hoje. Uma vez por ano vai à estação de transferência de Rio Maior depositar a quantidade de papel, plástico, vidro, metal e rolhas de cortiça que vai acumulando e acondicionando contribuindo assim para que a sua pegada ecológica seja o mais ténue possível.
“Deixa-me muito triste quando vejo os contentores a abarrotar de lixo e à volta deles plásticos, cadeiras, tudo e mais alguma coisa… Isso não se deve fazer!”, diz, referindo que é importante as pessoas terem consciência que os recursos são finitos e que a separação de resíduos e a reciclagem são fundamentais.

Uma vida de trabalho que começou aos 11 anos
José Fragoso é natural de Vila Nova da Babeca, freguesia da Moçarria, concelho de Santarém. Como muitas outras crianças da sua geração cedo deixou a escola para ir trabalhar e ajudar ao sustento da casa. Aos 11 anos teve o seu primeiro trabalho, numa mercearia em Santarém. Esteve lá três anos e saiu para a Electrodinâmica, firma de Santarém onde aprendeu o ofício de electricista durante quatro anos. Depois trabalhou algum tempo como electricista em Almeirim. A bicicleta era o seu meio de transporte e chegava a fazer 75 quilómetros por dia nas suas andanças.
No seu trajecto profissional Rio Maior foi a sua paragem seguinte. Trabalhou numa empresa 26 anos e depois mais 15 anos na Câmara de Rio Maior, onde se reformou com 60 anos de idade e cerca de 50 anos de trabalho. Reside em Boiças desde 1977. Entre muitas outras obras e serviços, foi ele que ajudou a instalar as torres de iluminação do Estádio Municipal de Rio Maior.
Em miúdo, quando trabalhava numa mercearia em Santarém, chegou a vender chapéus e barretes na Feira do Ribatejo e na Feira da Piedade. Mais tarde, já no concelho de Rio Maior, andou a projectar filmes à noite pelo concelho, nas juntas de freguesia e associações, por conta da Junta de Acção Social do antigo regime. A actividade era exercida depois do horário laboral. “Aquilo era uma lavagem ao cérebro”, diz referindo-se aos filmes que projectava, mas pagavam-lhe 100 escudos por sessão mais 3 escudos ao quilómetro, o que lhe proporcionava um rendimento extra que muito jeito lhe dava.

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