Tudo começou com uma discussão acesa entre o casal, na noite de 3 de Agosto e rapidamente se descontrolou, passando para a violência. Ainda no interior da habitação onde residem, em Salvaterra de Magos, o homem, de 45 anos, agarrou numa faca e desferiu vários golpes na vítima, a sua companheira de 46 anos, causando-lhe ferimentos muito graves. Ao todo foram nove facadas, algumas perpetradas já no exterior da residência, onde ambos foram encontrados pelos bombeiros e autoridades, conscientes ainda que gravemente feridos.
Segundo O MIRANTE apurou junto de fonte policial, o crime contra a mulher terá acontecido em contexto de violência doméstica. Depois de esfaquear a companheira, o agressor ter-se-á agredido utilizando a mesma arma branca, ficando “bastante cortado” em várias partes do corpo, adiantou a mesma fonte. Assistidos no local pelos bombeiros e equipa da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do Hospital de Santarém, ambos foram posteriormente transportados para o hospital. O MIRANTE apurou que a mulher encontrava-se à data de fecho desta edição em coma induzido, em estado considerado muito grave, a lutar pela vida.
O alerta para a ocorrência, registado pouco depois das 23h30, foi dado por uma mulher, residente no mesmo espaço, e que se apercebeu dos gritos de sofrimento da vítima. A GNR esteve no local mas por se tratar de crime violento o caso transitou para a alçada da Polícia Judiciária. O alegado agressor foi identificado pelas autoridades.

Violência doméstica volta a aumentar em 2022
Os crimes de violência doméstica aumentaram no início do primeiro semestre de 2022 para valores anteriores à pandemia de Covid-19. De acordo com a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, as autoridades receberam até Junho último 14.363 denúncias – número que é o mais elevado dos últimos quatro anos. Entre o mesmo período temporal, avançou o Expresso, morreram em Portugal 16 mulheres vítimas de violência doméstica – o mesmo número registado em 2021. Mais de metade dos crimes (53%) foram cometidos por ex-companheiros ou ex-maridos das vítimas.
A violência doméstica é um crime público, o que significa que o procedimento criminal não depende de queixa por parte da vítima, bastando uma denúncia para que o Ministério Público (MP) inicie diligências. A denúncia pode ser feita directamente ao MP, GNR ou PSP. A linha 800 202 148 está disponível, 24 horas por dia, para apoiar vítimas de violência doméstica. O serviço é gratuito, anónimo e confidencial.