Sociedade | 04-07-2022 18:00

Mais de um mês à espera de uma receita médica

População de Alcanena concentrou-se junto ao centro de saúde a exigir mais médicos de família e a reabertura de várias extensões de saúde nas freguesias

Utentes da saúde do concelho de Alcanena manifestaram-se para reclamar mais médicos de família e a reabertura das extensões de saúde de várias freguesias.

Olívia Silva, de 56 anos, vive em Moitas Venda, no concelho de Alcanena, e tem que se deslocar de autocarro para ir ao Centro de Saúde de Alcanena para conseguir a receita para a medicação que toma. O seu médico de família nem sempre está e ir à procura de consulta é um tiro no escuro quando sai de casa. Tanto pode ter a sorte de ser atendida como pode ter que voltar para casa de mãos a abanar. Olívia Silva foi uma das participantes na manifestação organizada pela Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT), que decorreu no dia 23 de Junho junto ao Centro de Saúde de Alcanena, para reclamar por mais médicos de família e a reabertura das extensões de saúde de várias freguesias encerradas com a pandemia de Covid-19.
Na primeira fila, com uma lona à sua frente onde se pode ler “Mais médicos de família para o Médio Tejo”, Olívia Silva conta a O MIRANTE que há cerca de dois meses foi ao Centro de Saúde de Alcanena pedir que lhe fosse passada uma receita para a medicação que tem que tomar diariamente. Um mês depois regressou para levantar a receita e disseram-lhe que ainda não estava pronta. “É triste ter um espaço destes como o centro de saúde e não haver médicos nem condições para os utentes que necessitam tanto deste serviço”, lamenta.
Suzel Frazão, de 74 anos, tem médica de família mas esta já avisou que fez um pedido de transferência para a sua área de residência. Ou seja, vai sair em breve e Suzel Frazão vai ser mais uma pessoa sem médico de família no concelho de Alcanena. “Os médicos de família têm um papel fundamental porque conhecem o historial clínico dos pacientes e quando nos aparece um problema de saúde ele já nos conhece há vários anos e por isso saberá encaminhar-nos devidamente. Se vem um médico novo só para fazer umas horas, mesmo que seja simpático, não saberá tão bem o que fazer porque é a primeira vez que vai estar a contactar connosco e não nos conhece. A assistência à saúde ficará sempre deficitária”, afirma a reformada.
Elisabete Rodrigues, de 46 anos, vive em Monsanto. Padece de uma doença genética e não tem médico de família. “Nem toda a gente tem dinheiro para ir a médicos particulares”, critica, acrescentando que o município e o Agrupamento de Centros de Saúde devem criar condições para atrair médicos para o concelho.
Manuel Soares, porta-voz da CUSMT, afirmou que a falta de cuidados de saúde primários acontece em todo o Médio Tejo mas que Alcanena é dos casos piores, juntamente com Ourém e Abrantes. A CUSMT conseguiu 3.500 assinaturas num abaixo-assinado no concelho de Alcanena para que sejam colocados mais médicos de família e sejam reabertas as extensões de saúde de Monsanto, Serra de Santo António, Moitas Venda e Espinheiro, que foram encerradas por escassez de profissionais durante a pandemia de Covid-19. Além destas, já tinham encerrado anteriormente as extensões de saúde de Malhou e Louriceira.

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