Sociedade | 24-09-2022 21:00

Medicamento ‘mágico’ que Tatiana Bond tomava contra o cancro deixou de ser eficaz

Tatiana Bond luta contra um cancro incurável que lhe foi diagnosticado quando tinha 26 anos

Assim que soube da má notícia, Tatiana Bond, que sofre de cancro há seis anos e a quem lhe foram dados seis meses de vida, decidiu viajar com a família. “Voltei a não criar expectativas e a viver um dia de cada vez”, diz a farmacêutica que tem sido notícia pela luta que protagonizou para ter acesso a um medicamento caríssimo que não era comparticipado.

Quando o médico partilhou com Tatiana Bond, em Julho, que o medicamento que estava a tomar para combater o cancro deixou de fazer efeito, a notícia caiu como uma bomba. Agarrou nos filhos e no marido e foram de férias durante duas semanas para Granada, em Espanha. Tatiana Bond viveu lá uns tempos e sempre disse que gostava de mostrar a cidade aos filhos. “Nunca fui de colocar grandes esperanças mas como precisei de lutar para ter este medicamento, o Olaparib, convenci-me que seria ‘a bala’ mágica. Ganhei nova vida com ele porque os valores tumorais estavam dentro dos valores de referência. Também as metástases diminuíram. Agora, quando deixou de fazer efeito, voltei a não criar expectativas e a viver um dia de cada vez”, conta a O MIRANTE.
A farmacêutica, de 38 anos, residente em Santarém, confessa que ter-lhe sido diagnosticado um cancro há 11 anos mudou-lhe a vida para melhor. “Sou outra mulher por causa do cancro. Olho para trás e não tenho arrependimentos e antes do cancro tinha. Fiz o que fiz com a informação e maturidade que tinha. Angustiava-me não ter oportunidade de saber como seria a voz dos meus filhos e os seus gostos. Foi preciso o cancro para me ensinar isto”, confessa.
Como O MIRANTE noticiou Tatiana Bond foi diagnosticada com cancro de mama quando estava a viver em Inglaterra. O médico deu-lhe seis meses de vida e disse para criar memórias com os seus filhos, que na altura eram bebés. Tatiana Bond tem vencido as batalhas contra o cancro mas afirma que tem cartas escritas para os filhos para serem lidas quando já não estiver cá e o marido entender que eles têm maturidade para as ler.

“Vivo o luto de mim”
“Tenho caixas de memórias e muitas cartas. Escrevo muito. Não só para os meus filhos mas também para mim. Escrevo sobre as fases do luto e como lido e sinto as coisas. Vivo o luto de mim. Morrer é inevitável, mais cedo ou mais tarde, e penso no que tem sido a minha vida até agora. Escrever ajuda-me a libertar sentimentos menos bons”, sublinha.
Tatiana Bond, que mudou de emprego e trabalha agora para uma empresa inglesa a partir de casa, continua a brincar com os filhos e as dores que a deixavam de cama já não aparecem. Os filhos, de seis e sete anos, sabem que a mãe tem “um dóidói” na mama e encaram a doença com a naturalidade possível de duas crianças. “Costumo dizer ao meu marido e amigos que o meu cancro é cor-de-rosa, com unicórnios, daqueles bons”, admite com um sorriso. Agora é esperar que o tratamento hormonal faça efeito e evite o alastrar das metástases que estão apenas no fígado. Tatiana Bond está cá para mostrar que não faz parte das estatísticas e que cada vez mais o cancro pode tornar-se numa doença crónica.

A longa batalha contra um cancro incurável
Como O MIRANTE noticiou (ver edição 13 de Abril de 2021), Tatiana Bond trava uma batalha contra um cancro incurável. Tinha 26 anos quando lhe foi diagnosticado o primeiro cancro na mama. Cinco anos depois, já casada e com filhos, apareceu-lhe um novo cancro. Desta vez com metástases no fígado. O oncologista disse-lhe que a doença era incurável e que não tinha mais do que seis meses de vida. “A primeira reacção é de muita tristeza, desespero e impotência. Fui-me muito abaixo nessa altura porque os meus filhos eram bebés e não me passava pela cabeça morrer”, recordou na altura.
Deram-lhe seis meses de vida mas já passaram seis anos. Tatiana passou a ser acompanhada pelo serviço de Oncologia do Hospital Distrital de Santarém, cidade onde vive actualmente com a família. “Salvaram-me a vários níveis. Não só com o tratamento do cancro mas também com a minha saúde mental. Disseram-me que o cancro era incurável mas que não ia morrer já amanhã e que havia tratamentos para fazer”, conta.

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