Sociedade | 18-04-2022 10:00

Médicos do Hospital Vila Franca de Xira com sobrecarga de serviço pedem escusa de responsabilidade

Jorge Roque da Cunha (à esquerda), do SIM, visitou o hospital no final de 2021 com Alexandre Lourenço, da Ordem dos Médicos

Sindicato Independente dos Médicos alerta para falta de médicos nas urgências e diz que os clínicos estão a ser obrigados a dar resposta em dois locais ao mesmo tempo. Clínicos estão a assinar declarações de escusa de responsabilidade como já fizeram os enfermeiros. Administração refuta acusações.

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) alerta para a situação complicada que está a ser vivida nas urgências interna e externa do Hospital Vila Franca de Xira e avisa que a unidade de saúde, gerida por Carlos Andrade Costa, está progressivamente a perder a sua capacidade de resposta.
Os médicos da urgência interna, responsáveis por quase duas centenas de internados em medicina interna, unidade de acidente vascular cerebral e pneumologia, estão a ser requisitados para prestar serviço nas urgências externas sempre que necessário. O SIM diz que é impossível os clínicos estarem em dois locais ao mesmo tempo e que a situação não é legal nem aceitável, por isso alguns médicos estão a apresentar declarações de escusa de responsabilidade.
“Com essa medida a administração está a desproteger os utentes internados e a colocar uma pressão descomunal sobre os médicos. Se houver um problema o responsável é o médico por desproteger o utente internado. A administração ao tomar uma decisão destas revela desespero total”, diz a O MIRANTE o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha.
O sindicalista diz que as equipas dos serviços de urgência estão desfalcadas há meses e a funcionar abaixo dos limites mínimos de segurança. “É um problema gravíssimo e as equipas estão depauperadas, com cada vez mais prestadores de serviço em vez de médicos do próprio hospital e recurso a médicos indiferenciados sem especialidade”, alerta.
Para Jorge Roque da Cunha, “a responsabilidade do que se está a passar é do conselho de administração porque não encontrou soluções. Em vez de as procurar decide negar o problema, tapar o sol com a peneira dizendo que não há problema nenhum. A forma como estão a lidar com este problema é totalmente irresponsável”, critica.
Questionado sobre se a tutela deve demitir o actual conselho de administração, como já defenderam outros sindicatos e ordens profissionais, o líder sindical é prudente. “Desde que cessou a parceria público-privada que era controlada, fiscalizada e tinha metas muito objectivas para cumprir, a situação no HVFX degradou-se. O que exigimos é que o Ministério da Saúde olhe para o que se está a passar neste hospital e tome as devidas medidas”, vinca.

Hospital refuta acusações
A administração da unidade de saúde refuta as acusações do SIM garantindo que continua a existir uma escala de serviço de urgência interna, embora reconhecendo que pontualmente face ao grande fluxo de doentes à urgência externa a equipa médica pode ser reforçada com um médico escalado da medicina interna, o que em Março aconteceu por quatro vezes sendo uma situação que, segundo o hospital, já acontecia no passado.

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