Sociedade | 08-11-2022 10:00

Edição Semanal. Ministério Público quer prisão efectiva para mulher que atropelou peregrinos e fugiu

A mulher foi detida pela GNR depois de ter embatido com a viatura no separador central da A23 junto às portagens de acesso à A1, em Torres Novas

Acidente ocorreu em Maio de 2018 em Moitas Venda, Alcanena, e causou a morte de um peregrino e ferimentos em mais quatro. A arguida terá arrastado uma das vítimas para poder seguir marcha e fugir do local.

O Ministério Público pediu pena de prisão efectiva para a mulher que atropelou cinco peregrinos, um deles mortalmente, em Maio de 2018, em Moitas Venda, Alcanena, tendo a defesa apontado “dúvidas insanáveis” ao processo. O presidente do colectivo de juízes, Sérgio Sousa, marcou a leitura do acórdão para o próximo dia 11 de Novembro.
A mulher está a ser julgada pelo Tribunal de Santarém pela prática de sete crimes, um de homicídio por negligência grosseira, quatro de ofensa à integridade física por negligência (um deles grave), um de condução perigosa de veículo e outro de omissão de auxílio, por se ter posto em fuga alegadamente depois de arrastar uma das vítimas para seguir marcha.
Para a procuradora do Ministério Público (MP), a prova produzida em julgamento confirmou os factos constantes da acusação, nomeadamente que, na madrugada de 20 de Maio de 2018, a mulher, agora com 30 anos, colheu os peregrinos de costas, do lado contrário àquele em que circulava, depois de ter saído de uma festa, na qual tinha consumido bebidas alcoólicas e canábis, apesar de estar a tomar medicamentos para a depressão.
O MP pediu ainda ao tribunal que considere provado o crime de omissão de auxílio, bem como a alegação de que a arguida parou, saiu da viatura e arrastou a vítima que veio a ficar paraplégica, para poder seguir marcha, apesar de a testemunha que na fase de inquérito havia relatado esse episódio ter dito agora ao tribunal não se recordar de tal ter acontecido.
Os mandatários das vítimas e dos familiares do peregrino que morreu no local corroboraram o pedido de prisão efectiva, criticando, em particular, a “frieza que choca” de arrastar uma das vítimas e seguir marcha. Para os advogados, o arrependimento manifestado pela arguida foi “formal”, não estando “interiorizado”, pois “nunca cuidou em saber das vítimas” e aparenta estar mais preocupada com o que lhe vai acontecer no âmbito do processo.

“Tudo o que aconteceu naquela noite é um mistério”
Numa declaração final, emocionada, a mulher reafirmou não se recordar do que aconteceu naquela noite e disse nunca ter contactado com as vítimas porque a sua primeira advogada lhe disse que podia ser considerado “uma afronta”, mas que “não há um dia” em que não pense no que aconteceu. No seu depoimento, a arguida disse ter regressado aos bombeiros há apenas um ano, depois de procurar “muita ajuda”, colocando no apoio que dá a doentes que fazem hemodiálise uma forma de “fazer o melhor”.
A advogada de defesa da arguida afirmou que da prova produzida ficou a “dúvida” sobre a forma como ocorreu o acidente e mesmo sobre se seria a arguida que conduzia a viatura ou se viajava sozinha ou acompanhada, refutando a alegação de “frieza” do seu comportamento, pois “ninguém sabe como foi”. “Tudo o que aconteceu naquela noite é um mistério”, disse, considerando existirem “dúvidas insanáveis” sobre como tudo aconteceu.
A advogada pediu que mesmo que o tribunal entenda pela condenação a pena de prisão, que esta seja suspensa, já que a mulher não tem antecedentes e trabalha de forma “honesta”, criando um filho menor em regime de guarda partilhada.

Apanhada em contramão na A23

A mulher foi detida ao início da manhã de 20 de Maio de 2018 depois de ter embatido com a viatura no separador central da A23 junto às portagens de acesso à A1, percurso que fez em contramão, tendo o militar da GNR que investigou o atropelamento afirmado que os fragmentos recolhidos no local pertenciam à viatura.

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