A Santa Casa da Misericórdia da Chamusca vai realizar uma intervenção de fundo na creche “O Coelhinho”, a única que existe em todo o concelho, num investimento total estimado em cerca de 300 mil euros. A empreitada tem um prazo de execução de 100 dias e envolve a remodelação de salas para aumentar a rentabilidade energética, a substituição da cobertura de fibrocimento, de portas e janelas e a melhoria do espaço exterior.
Recorde-se que “O Coelhinho” encerrou a valência de jardim-de-infância há cerca de dois anos e transferiu as crianças para uma sala no Centro Escolar da Chamusca. Algum tempo antes do fecho do pré-escolar, a instituição foi notícia pelas piores razões depois de uma funcionária ter mordido uma criança de dois anos como castigo por também esta ter mordido um colega.
Em declarações a O MIRANTE, Nuno Castelão, provedor da Santa Casa, explica que foi preciso dar um passo atrás para retomar o caminho certo e que era necessário realizar uma mudança profunda na organização do equipamento. O dirigente refere que a creche voltou a ser respeitada e reconhecida e que aumentou significativamente a capacidade de resposta às crianças e às famílias. A instituição conta com 42 crianças, com idades até aos 3 anos, cerca do dobro das que tinha quando o pré-escolar encerrou.
Nuno Castelão afirma que a Santa Casa vai candidatar-se para poder abrir uma nova sala e assim cumprir um dos objectivos principais do mandato, que os novos órgãos sociais acabam de iniciar, que é receber nas instalações cerca de 60 crianças. “Temos muitas crianças em lista de espera e gostávamos de as receber porque reconhecemos que era uma grande ajuda para as suas famílias”, vinca.
A empreitada de requalificação de O Coelhinho vai ser financiada pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional em cerca de 100 mil euros. Os restantes 200 mil euros vão ser comparticipados pela autarquia num apoio extraordinário que foi aprovado por todos os elementos do executivo municipal por ser de “interesse público”.

Unidades de Cuidados Continuados estão a dar cabo das Misericórdias

O MIRANTE questionou Nuno Castelão sobre as principais dificuldades da instituição e obteve uma resposta pronta e assertiva. “Sem dúvida que é a nossa Unidade de Cuidados Continuados (UCC), que presta cuidados a meia centena de pessoas. Estas unidades estão a dar cabo das Misericórdias”, lamenta. O dirigente refere que nos últimos 10 anos houve um aumento de apenas 3% ao nível dos apoios do Governo, valor que considera irrisório tendo em conta o aumento das despesas com medicamentos, exames auxiliares de diagnóstico, artigos para tratamento de pacientes, entre outros. Nuno Castelão refere que os prejuízos nas UCC vão-se agravando de dia para dia e receia que o futuro destas unidades termine com o seu encerramento.