Sociedade | 12-02-2022 12:00

Moradores de Arrouquelas fartos dos maus cheiros de pecuária

Moradores de Arrouquelas, concelho de Rio Maior, queixam-se dos maus cheiros provenientes da pecuária situada junto a casa na aldeia

Quem vive na aldeia está cansado do fedor e quer que a suinicultura saia do meio da localidade. Habitantes dizem que está em causa a sua saúde e qualidade de vida e manifestaram-se junto à exploração.

Assim que se chega ao centro da aldeia de Arrouquelas, concelho de Rio Maior, sente-se o mau cheiro no ar. Um odor permanente, que se entranha. Raquel Rosa, 41 anos, vive há cerca de dez anos em Arrouquelas e o seu quintal tem vista para a lagoa com esgotos da suinicultura que os moradores se queixam há anos de ser a causadora dos maus cheiros. Raquel Rosa conta a O MIRANTE que há dias em que o cheiro entra pelo nariz e entranha-se na roupa. A água do seu poço está contaminada. “Aparece amarela e cheira mal. Não a posso utilizar para rega nem para dar aos animais. Viver aqui é um martírio. No último ano e meio a situação piorou bastante”, lamenta.
Raquel Rosa confessa que anda há cerca de dois anos a adiar as obras de reabilitação na sua casa uma vez que ainda não decidiu se vai continuar a viver em Arrouquelas ou se muda de local. “Viver com vista para a pecuária não é o local mais aprazível”, adianta. Cerca de duas dezenas de moradores de Arrouquelas aproveitaram a inspecção das entidades competentes para se juntarem, na manhã de quarta-feira, 2 de Fevereiro, num protesto simbólico contra a exploração.
“A poluição mata e nós temos o direito de viver” e “Ou as pessoas ou os porcos! Viver assim em condomínio é impossível” eram algumas das frases que se podiam ler nas faixas colocadas em frente ao portão da pecuária. Sérgio Bento, 48 anos, vive em Arrouquelas há mais de 20 anos e garante que os maus cheiros da exploração têm-se agravado nos últimos anos. “Não há um dia que seja bom. Agora sente-se mais e tudo tem piorado fruto de uma exploração descuidada, na nossa opinião”, afirma a O MIRANTE.
Vítor Vivo tem 65 anos e vive em Arrouquelas desde criança. A sua casa situa-se a 100 metros da pecuária. Os moradores realizaram uma acção de protesto para alertarem as entidades responsáveis pelos licenciamentos de explorações pecuárias para a situação com que se confrontam em Arrouquelas. “A saúde e qualidade de vida são direitos de todas as pessoas e em Arrouquelas isso não existe porque esta pecuária no meio das casas não faz sentido”, critica.
Vítor Vivo sabe que a exploração tem mais de 40 anos mas começou como uma pequena exploração que foi crescendo. “O proprietário, que faleceu em 2010, geria a pecuária de forma eficaz e preocupava-se com a qualidade de vida das pessoas. Havia uma limpeza permanente para minimizar ao máximo possível os efeitos da poluição. Desde que o senhor morreu e que a pecuária mudou de mãos tem vindo a piorar”, afirma. O objectivo dos moradores é que a pecuária encerre ou que pelo menos seja deslocalizada para longe de Arrouquelas.

Câmara de Rio Maior disponível para ajudar a resolver problema

O presidente da Câmara de Rio Maior, Filipe Santana Dias, explicou a O MIRANTE que o município não se vai manifestar enquanto não houver um relatório oficial da última inspecção. O autarca esclareceu que a pecuária está licenciada. No entanto, reconhece que a qualidade de vida da população está a ser prejudicada com os maus cheiros. “Estamos a acompanhar a população e vamos garantir que seremos parte da solução. A empresa já manifestou disponibilidade para deslocalizar a pecuária de Arrouquelas. Vamos encontrar a melhor solução para este problema”, garantiu a O MIRANTE.
O MIRANTE contactou a Agrolex, empresa responsável pela pecuária de Arrouquelas, através de email, para obter mais esclarecimentos sobre o assunto mas até ao fecho desta edição não obteve resposta.

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