Sociedade | 21-02-2022 15:00

“O Francisco não teve a mesma sorte de outros bebés”

Clotilde Vieira e Francisco José consideram que houve negligência médica no parto do filho mais velho, Francisco

Clotilde e Francisco Vieira chegaram a fazer exames no estrangeiro para confirmarem que o problema do filho mais velho não era genético.

Clotilde Vieira tinha 25 anos quando engravidou pela primeira vez. Uma gestação que decorreu sem sobressaltos e foi o concretizar de um sonho do casal. O parto de Francisco estava previsto para Abril do ano 2000 mas como era um bebé grande e já estava em posição de nascimento as águas rebentaram em Março. Clotilde e o marido, Francisco José, foram para o Hospital de Vila Franca de Xira e foi aí que, garante, começaram os problemas.
“Quando cheguei deram-me uma injecção para atrasar o parto porque tinha uma grávida à minha frente para fazer uma cesariana. Não me deram mais explicações”, conta a O MIRANTE. Clotilde Vieira estava na sala de dilatação da maternidade quando desmaiou. Segundo recorda, esteve algum tempo sem sentidos até ser encontrada por uma auxiliar. A falta de oxigénio que o bebé sofreu teve consequências irreversíveis em Francisco, que nasceu com paralisia cerebral isquémica. “Quando vi o meu filho pela primeira vez, um dia após o parto, estava completamente deformado e os médicos disseram-me que existia uma forte probabilidade de não sobreviver. São palavras que nos acompanham para toda a vida”, conta emocionada.
O marido de Clotilde, Francisco José, perguntou aos enfermeiros que lá estavam o que se passava mas só lhe disseram que o bebé teria que ir para o Hospital da Estefânia, em Lisboa, no dia seguinte. Ficou internado três meses, fez vários exames para perceber se o que aconteceu a Francisco foi genético ou negligência médica. Os pais, que vivem em Vale da Pedra, concelho do Cartaxo, levaram-no a fazer exames, além de Portugal, na Alemanha e Holanda. Os resultados nunca demonstraram ser problema genético.
“Se não me tivessem colocado de lado para dar atenção a outras grávidas o Francisco teria nascido um menino saudável e hoje poderia ser livre e não estar agarrado a uma cama ou uma cadeira de rodas. Não apresentamos queixa porque puseram-nos sempre a ideia que seria um problema genético mas hoje sabemos que houve negligência médica”, acusa Clotilde Vieira acrescentando que o seu filho mais velho não teve a mesma sorte de outros bebés.
Francisco José, actualmente com 60 anos, trabalhava como técnico alimentar e reformou-se por invalidez para dar apoio ao filho. Clotilde Vieira era ajudante de cozinha e agora vive para cuidar do filho. O casal mostrou que tem coragem e tentaram ter outro filho. Clotilde estava grávida de seis meses quando sofreu um aborto espontâneo e teve que fazer o parto de uma menina que nasceu morta. “É muito doloroso passar por um processo destes. Tive medo de voltar a engravidar mas sempre mantive uma atitude positiva perante a vida”, explica a O MIRANTE.
Há 16 anos o casal tentou novamente e correu tudo bem com a gravidez e o parto de Luís, que é hoje um adolescente saudável. Nas duas últimas gravidezes Clotilde fez questão de ser assistida e ter os filhos no Hospital Distrital de Santarém onde diz ter sido sempre muito bem tratada, ao contrário do que aconteceu no parto do filho mais velho.
As despesas com Francisco são muitas e o casal já se deparou com dificuldades financeiras e têm contado com o apoio de familiares e amigos. O casal quer comprar uma casa com melhores condições, sobretudo para o filho mais velho. Por isso, os amigos juntaram-se e criaram uma campanha, intitulada “Apoio ao Francisco” na plataforma “Gofundme” para quem quiser ajudar poder fazê-lo.

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