Sociedade | 20-09-2022 18:00

Ogus: das melhores bifanas de VFX ao mundo do rap

Hugo Santos quer ajudar a afastar os jovens da marginalidade através da sua música

Hugo Santos herdou do pai a gestão do snack-bar O Caixote, junto ao tribunal de Vila Franca de Xira, mas a música é a sua grande paixão e está a tentar singrar no rap com letras para inspirar os mais novos.

Hugo Santos é um filho de Vila Franca de Xira e um apaixonado por hip-hop que está a lançar-se no mundo da música e a usar as suas letras para inspirar os mais novos e ajudar os jovens do bairro onde vive, o Bom Retiro, a afastarem-se de conflitos, drogas e vidas de risco. “A vida é demasiado curta para ser desperdiçada”, diz a O MIRANTE o jovem de 33 anos que é conhecido no meio musical por Ogus.
De origens humildes, foi no bairro que Hugo Santos aprendeu a arte do grafiti e do hip-hop, que estavam muito ligados ao panorama underground dos anos 90 e 2000. “Na altura o bairro respirava rap, aprendi com os melhores que por aqui andavam e ouvia nas suas vozes a dor de cada letra, a revolta, a tristeza. Hoje em dia temos um panorama cheio de fingidores e eu odeio fingidores”, considera. Para Ogus o rap actual não mostra o que realmente os artistas sentem. “Fazem músicas a dizer o que não sentem, a ostentar o que não têm e a querer passar imagens do que não são. Isso não faz sentido”, critica.
O artista revê nas suas origens humildes uma forma de se mostrar ao mundo sem pudores. No seu mais recente single, “Montanha”, fez questão de gravar o quotidiano no snack bar O Caixote, onde é co-gerente ao lado do irmão depois do pai ter falecido com cancro. Com isto, o rapper quer mostrar que não é preciso exibir roupas contrafeitas ou vidas falsas para se produzir conteúdo de qualidade. Pretende afastar-se dos comportamentos de risco e da linguagem que a grande maioria dos rappers exibe, por considerar que não é a dizer asneiras nem a falar de drogas que se tiram jovens dos maus caminhos.
Hugo Santos diz não ter ídolos mas atribui ao já falecido Mário Boavida (“Raptor”) e ao seu grupo Profetas Urbanos a paixão pelo rap. “Crescer no bairro não é sinal de criminalidade, o Mário Boavida antes de morrer estava a estudar Direito. Infelizmente andei muito tempo sem rumo, a fazer coisas de que não me orgulho e foi o Mário e os Profetas Urbanos que me tiraram dessa vida e me fizeram encaminhar no sentido certo”, confessa.
O jovem planeia produzir mais singles e videoclips que consegue fazer com a ajuda de um profissional e do amigo e rapper Cire, com quem partilha um estúdio e palco, como o primeiro concerto que Hugo Santos deu nos Açores, a convite do amigo e que lhe abriu o gosto por actuar para o público.

Rapper e empresário de restauração
Após ter terminado o secundário, Hugo Santos viu-se forçado a assumir as rédeas do negócio do pai. O Caixote é um ponto de encontro na cidade, em particular para os funcionários do tribunal de Vila Franca de Xira, pelo que o espaço se mantém sempre bem frequentado e Hugo Santos garante que a qualidade daquilo que apresenta nunca é descurada para que seja sempre do agrado dos clientes, em especial ao almoço.
O negócio, que considera cansativo devido aos horários exaustivos, é compensado pelo facto de ter a seu lado a namorada Diana, com quem já está junto há mais de 15 anos e de quem tem uma filha de três anos. Também o irmão mais velho, Fernando, é uma pessoa com quem diz dar gosto trabalhar.
Durante o período final da vida do pai, Hugo Santos sentiu que se aproximaram como nunca e que apesar de muito ter ficado por dizer, viu nos olhos do pai o respeito e o carinho por se demonstrar à altura de manter vivo o negócio da família. “Percebi no olhar dele que pela primeira vez teve orgulho em mim. Só gostava que me visse agora e como tudo mudou”, conclui.

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