Sociedade | 16-08-2022 15:00

Os Amigos da Roda: há 25 anos a dar ao pedal em Arrouquelas

António Filipe Costa foi o principal impulsionador da colectividade

Nos últimos dois anos a pandemia obrigou a abrandar o ritmo, mas não há quem trave a associação de cicloturismo Os Amigos da Roda, que se prepara para regressar às provas em Setembro. Em estrada, trilhos todo-o-terreno ou passeios de bicicleta para os mais novos, a colectividade não pára e promete voltar com a organização do tradicional Circuito Verde de Arrouquelas em 2023.

Não é por acaso que se chamam Os Amigos da Roda. O nome faz jus ao nascimento da associação de cicloturismo de Arroquelas, a 15 de Novembro de 1996. António Filipe Costa, ex-presidente e principal impulsionador da colectividade, conta a história de uma penada. Tudo começou em 1995, quando o antigo motorista da Carris, à época já um decano do associativismo, convidou sete amigos para um almoço na Estanganhola e rematou o repasto com o desafio de lançarem uma associação de cicloturismo.
Desde essa altura, a amizade, a carolice e a paixão pelas duas rodas têm sido o principal motor da Associação de Cicloturismo Os Amigos da Roda, explica António Filipe Costa, lembrando um caminho que “nem sempre foi fácil”. De início, recorda, as reuniões faziam-se numa adega da sua própria casa, a poucos metros da sede inaugurada logo depois do 15.º aniversário da associação, a 11 de Dezembro de 2011.
Erguido no lugar de um antigo jardim em Arrouquelas, cedido pela Junta de Freguesia de Arrouquelas e pela Câmara de Rio Maior, o edifício pintado com as três cores do símbolo dos Amigos da Roda – amarelo, preto e branco – foi construído com o “suor” dos sócios, que não hesitaram em “meter mãos à obra de forma voluntária”, enaltece o fundador.
Enquanto guia a reportagem de O MIRANTE numa visita pelo espaço, António Filipe Costa fala-nos da autêntica roda-viva que costuma atravessar a sede, em tempo de provas. “Todos os fins de semana tínhamos competições e eventos”, sublinha, apontando o dedo à pandemia que obrigou a travar a fundo nos últimos dois anos. A “Briosa”, a carrinha da associação com capacidade para transportar 16 bicicletas, tem estado na garagem desde Março de 2020, mas já tem ordem de marcha para o final de Setembro, para levar os Amigos da Roda a uma prova de cicloturismo em Chaves.

Conquistar terreno dentro e fora do país
Com 42 sócios, a associação, actualmente presidida por Rui do Casal, não se tem cansado de conquistar terreno em várias centenas de provas dentro e fora do país. As memórias, que proliferam pelas paredes da sede onde começa a faltar espaço para guardar os incontáveis troféus, medalhas, camisolas, cartazes, dorsais, galhardetes e recortes de jornal coleccionados ao longo de 25 anos de vida associativa, fazem rolar uma lágrima tímida a António Filipe Costa. Dos Caminhos de Santiago, trilhados em busca do “símbolo da concha que orienta os peregrinos”, aos quase 300 quilómetros pedalados entre Caldas da Rainha e Badajoz, “com paragem para um cafezinho em Campo Maior”, as recordações sucedem-se em roda-livre.
Lado a lado com o “espírito de equipa”, o convívio e a amizade que Os Amigos da Roda têm trazido na bagagem ao longo dos anos fica também o apreço pelas “paisagens fantásticas” que o cicloturismo os tem levado a conhecer. António Filipe Costa não esquece, em particular, a rota das Aldeias das Históricas, as vias Vicentina e Algarvia, o passeio do Minho Florido ou a prova na Ilha Terceira, nos Açores, que há 18 anos valeu aos Amigos da Roda a taça toda revestida a prata, “um dos troféus mais bonitos e importantes” da colectividade.

BTT para miúdos e graúdos
Mas não é só o cicloturismo a unir os Amigos da Roda. A agremiação conta igualmente com o Núcleo de BTT Pinhas Bravas, que tem um calendário de provas regular, equipamento e palmarés próprios. Além das provas em que participa, a associação orgulha-se ainda de organizar, “em anos normais”, sete ou oito provas, responsáveis por levar a Arrouquelas centenas de participantes. As mais emblemáticas, segundo António Filipe Costa, são o Circuito Verde de Arrouquelas, evento de cicloturismo que já soma mais de duas dezenas de edições, a prova de BTT Pinhas Bravas, a Kids Bike Tour, um passeio de BTT que reúne miúdos e graúdos e uma série de caminhadas promovidas regularmente no concelho de Rio Maior. Agora que as restrições da pandemia parecem dar sinais de abrandamento, o regresso está para breve, anuncia o fundador: “Em 2023, queremos voltar em força com as nossas provas”.

Quem pedala por gosto não cansa

O entusiasmo com que acorre do quintal de sua casa para nos abrir a porta da sede dos Amigos da Roda, que “é como uma segunda casa”, e percorrer todas as histórias que lá se guardam, não faz suspeitar que a paixão de António Filipe Costa pelas duas rodas foi uma descoberta tardia. Apesar de só ter começado a pedalar depois dos 50 anos, quando a reforma o trouxe de volta a Arrouquelas, após mais de três décadas em Lisboa, o antigo motorista da Carris, hoje quase com 82 anos, recusa-se a largar as bicicletas. As pernas que em 2012 o fizeram conquistar o Troféu dos Jovens numa prova das Caldas da Rainha, já pedem algum descanso, mas António Filipe Costa encontrou uma forma de contornar a falta de força com a ajuda de uma bicicleta eléctrica, que o conduz “em todas as voltinhas”.

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