Sociedade | 19-07-2022 10:00

Paulo Honório foi maestro em Ourém durante quatro décadas

Paulo Honório foi maestro do coro infantojuvenil da AMBO, de Ourém durante 39 anos

Paulo Honório despediu-se da direcção do coro da AMBO no Encontro Anual de Coros no Teatro Municipal de Ourém, há cerca de um mês. Deu os primeiros passos como coralista aos sete anos no Coro Infantil. Aos 16 anos era o maestro do coro. 39 anos depois despediu-se dos palcos mas não abandonou a música. O empresário faz parte do grupo de música tradicional portuguesa “Os Romeiros”, confessa-se apaixonado por música e diz que não foi fácil tomar a decisão de deixar de ser maestro.

A música é uma paixão que acompanha Paulo Honório, 54 anos, desde os sete anos de idade. Os seus pais eram coralistas no Chorus Auris, da AMBO (Academia de Música Banda de Ourém), e era frequente assistir aos ensaios e também aos espectáculos. Foi um dos fundadores do coro infantil e juvenil da AMBO. Antes de cantar aprendeu a tocar piano e outros instrumentos de teclas. Frequentou o Conservatório Regional de Tomar, onde teve aulas de educação musical.
Aos 16 anos foi convidado para dirigir o coro onde cantou e fez diversas formações onde se especializou na direcção de orquestras. As suas irmãs também frequentaram o coro e a mais nova, que esteve ligada cerca de duas décadas, foi dirigida pelo irmão. Conciliou a direcção de orquestras com o grupo de música tradicional “Os Romeiros”, também da AMBO, onde, além de responsável técnico do grupo, também toca piano.
Paulo Honório recorda-se de dois espectáculos que o marcaram. Um por ser o primeiro, na Escola Secundária de Ourém onde dirigiu, pela primeira vez, colegas com quem tinha cantado. O outro foi num Encontro Mundial de Crianças no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima, onde encheram as duas salas e ainda houve pessoas a assistir através de uma tela ao concerto. “Esse foi o mais impactante porque conseguimos fazer um bom espectáculo e pusemos todas as crianças as cantar. Foi muito marcante”, recorda.
O mais emocionante foi o último, a 29 de Maio deste ano, no Teatro Municipal de Ourém, onde se despediu da sua carreira de maestro. “Todos os anos organizamos um Encontro de Coros, como outros coros da região e do país. Sempre disse que gostava de me despedir nesse encontro e foi o que aconteceu. Ao fim de 39 anos achei que estava na hora de dar lugar à renovação. Sempre quis sair a bem e numa altura em que percebesse que elementos novos poderiam inovar”, conta a O MIRANTE.
Paulo Honório explica que a maior dificuldade de um maestro é conseguir motivar os alunos, porque têm idades (entre os 7 e os 17 anos) com objectivos diferentes e esse, garante, é o grande desafio: fazer uma mistura de temas que agrade a todos. “Tem que existir uma relação de confiança entre maestro e coralistas. Não é só ensinar canto, tenho que ser amigo deles. Tornamo-nos uma família. Não somos um mero grupo onde só se ensaia e participa em espectáculos. É muito mais do que isso”, explica o gestor.
O ex-maestro conta que dirigir uma orquestra é mais difícil pois tem muitas particularidades e outro tipo de responsabilidades. Nos últimos anos adaptaram as músicas mais modernas que os mais novos gostam de ouvir, harmonizadas para coro, o que acaba sempre por trazer mais espectadores. Acredita que os coros estão a conseguir reinventar-se e que podem começar a aparecer grupos com menos elementos, mas não vão deixar de existir. Nos tempos livres gosta de ouvir música de vários géneros, desde o fado ao rock, desde que tenha harmonia.

“A AMBO é a minha segunda casa”
Paulo Honório confessa que não foi fácil despedir-se do coro. A AMBO é a sua segunda casa e a sua segunda família. Muitas vezes, aos fins-de-semana, gostava de ir para a sede tocar piano. Só pelo prazer de tocar. Dos 39 anos como maestro guarda muitas e boas memórias. O Coro Infanto-Juvenil de Ourém, da AMBO, chegou a ter 80 elementos. O mais difícil, afirma, era a logística sempre que tinham que ir a algum espectáculo. Eram necessários dois autocarros. Depois da pandemia só estavam 24 coralistas. Uma das principais missões é recrutar mais jovens, o que nem sempre é fácil uma vez que existem outras alternativas que os jovens podem preferir.
O dinheiro que Paulo Honório recebia como maestro nunca lhe chegava às mãos. Era sempre para a associação. Uma prática que é cada vez mais rara pois, actualmente, os maestros recebem pelo trabalho que desenvolvem. “A música também me dava algo a mim. Sempre senti que o meu pagamento era o prazer de ver os miúdos a evoluírem no canto, levá-los a passeios quando íamos a concertos. Ganhei muito com a música”, realça.
Diz que ainda não se desligou totalmente, até porque, além de ter a chave da sede, também faz parte de “Os Romeiros”. Tem uma filha, de 25 anos, que entrou no coro aos três anos de idade e ficou lá durante algum tempo. Esteve vários anos na fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Ourém. Entrou como cadete aos 17 anos. Passou pelos órgãos sociais até há cerca de dois anos e actualmente pertence ao quadro de honra. Foi chamado a alguns incêndios de grandes proporções mas como aos 18 anos entrou na universidade não ficou muito tempo no activo.

Empresário na área da gestão e novas tecnologias

Paulo Honório nunca quis fazer carreira profissional da música. Inspirado pelo pai sempre teve noção que queria seguir uma área ligada à gestão. Licenciou-se em Gestão, no Instituto Superior de Economia e Gestão, em Lisboa. No entanto, nunca desligou da música mesmo quando estudava na capital. Em 2004 abriu a sua empresa, que actua na área da gestão e novas tecnologias. A sede da empresa é em Ourém mas viaja um pouco por todo o país, onde tem clientes.

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