Perda de vereadores reduz capacidade de intervenção
Fundador do Bloco de Esquerda e durante muitos anos um dos rostos mais conhecidos do partido na região, Carlos Matias foi deputado por Santarém entre 2015 e 2019. Continua na política activa mas não disfarça o desencanto com as opções do partido.
Previa o descalabro que se registou com as votações do Bloco de Esquerda (BE) nas últimas eleições autárquicas e legislativas?
Previa uma derrota significativa. Havia muitos sinais. A linha política era errada. Nós concordámos com o acordo que deu origem à geringonça. Foi uma solução que, naquelas circunstâncias, era a adequada para pôr travão à ofensiva do Governo do PSD e CDS contra os trabalhadores e que provocou uma austeridade enorme. Acontece que, por volta de 2018, quando o acordo da geringonça estava praticamente cumprido, percebeu-se que o Partido Socialista deixou de aceitar propostas do BE.
Começou a haver um afastamento entre os aliados?
Não foi um afastamento entre aliados, o PS deixou de aceitar qualquer proposta do BE e, nessa altura, tínhamos de nos afirmar como força alternativa ao PS. Essa proposta foi feita na comissão política e não foi sequer a votos. O que se começou a assistir de então para cá foi a uma subordinação completa da linha política e da intervenção política do BE ao PS. Era uma estratégia com uma derrota anunciada.
A perda de vereadores em municípios como Entroncamento, Abrantes e Torres Novas foi um rude golpe na consolidação do partido nesta região?
Evidentemente que sim, porque diminui a capacidade de intervenção do BE.
*Leia a entrevista completa na edição semanal em papel desta quinta-feira