Sociedade | 18-09-2022 21:00

Populares denunciam poluição no rio Maior e apontam dedo a fábrica de tomate

Moradores queixam-se que o rio Maior fica poluído sempre que fábrica da zona começa a campanha de tomate

Todos os anos na altura da campanha do tomate, o leito do rio Maior enche-se de lamas alaranjadas e detritos provenientes de descargas poluentes que se suspeita terem origem numa fábrica de tomate, que rejeita responsabilidades. A denúncia foi feita a O MIRANTE por moradores que se queixam de que a poluição e o cheiro nauseabundo voltaram a repetir-se.

Enquanto guia a repórter de O MIRANTE pelo caminho entre mato cerrado e canaviais até chegar às margens do rio Maior, em São João da Ribeira, um habitante das redondezas, que pede para manter o anonimato, recorda os tempos em que as águas se enchiam de peixes de toda a espécie. “Quando era miúdo pescava aqui o que queria; barbo, sável, enguias. Mas desde que a fábrica da Tomatagro abriu, nos anos 60, nunca mais se viram aqui peixes”, lamenta.
Segundo populares, que vivem nas imediações da unidade industrial, todos os anos o cenário repete-se: o leito do rio enche-se de lamas alaranjadas e detritos provenientes da estação de tratamento de águas residuais (ETAR) da fábrica. Este ano uma denúncia anónima feita a O MIRANTE aponta o dedo ao mesmo problema: pouco tempo após o início da campanha do tomate voltou a ficar evidente a poluição causada no leito do rio Maior junto à Tomatagro. “Vê-se bem a diferença: a montante da fábrica, a água está cristalina, mas a jusante não se vê o fundo”, garante um morador que não quer ser identificado.
No entanto, a Tomatagro declina responsabilidades. Contactada por O MIRANTE, a empresa referiu que tem licença de descarga de água e que a sua ETAR funciona em pleno. “Esta campanha já fomos alvo de duas auditorias, elaboradas por organismos oficiais, das quais nada negativo ficou registado e nenhuma acção de melhoria foi indicada”, respondeu ainda a empresa.
De acordo com a denúncia que O MIRANTE recebeu, tanques da fábrica são lavados com mangueiras de alta pressão “directamente para o rio” e há quem tenha visto concentrado de tomate, já podre, ser lançado no rio Maior. “Às vezes o rio fica todo vermelho e o cheiro é nauseabundo”, afirmam. Os populares reclamam ainda que as queixas feitas às autoridades sobre o que entendem ser uma “calamidade” ambiental caem em “saco roto”: “a GNR vai inspeccionar a ETAR e diz que está em conformidade, mas não vão ver como está o rio.”
O vice-presidente da Câmara de Rio Maior, João Lopes Candoso, disse a O MIRANTE que solicitou uma inspecção aos serviços da câmara na sequência do nosso contacto, os quais garantem “não ter encontrado vestígio de quaisquer descargas poluentes”. No entanto, o autarca frisa que vai continuar a ser feito um “acompanhamento regular” da situação pelas autoridades competentes.

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