Sociedade | 01-03-2022 21:00

Protestos nos Bombeiros de Coruche comprometem socorro

Bombeiros realizaram um plenário na segunda-feira, 21 de Fevereiro, onde esteve presente o dirigente sindical Sérgio Carvalho (foto DR)

Desde Janeiro foram levantados oito processos de inquérito, com vista à instauração de processos disciplinares a operacionais que recusaram prestar serviço em horário de turno e em situação de disponibilidade.

Os Bombeiros Municipais de Coruche têm apresentado graves problemas na resposta a situações de emergência. Segundo o comandante da corporação, Luís Fonseca, tem havido problemas internos devido à recusa de vários operacionais em responder a ocorrências pondo em causa a prestação de socorro. A resposta, nalguns casos, tem sido garantida por corporações de concelhos vizinhos.
Luís Fonseca confirmou a O MIRANTE a abertura de oito inquéritos disciplinares a elementos do corpo de bombeiros, nomeadamente a bombeiros profissionais. O comandante explicou ainda que a recusa de vários elementos acontece durante e fora do horário de serviço. Os bombeiros profissionais recebem um subsídio de disponibilidade permanente, para que, sempre que haja necessidade, sejam chamados, mas alguns dos operacionais não têm respondido aos apelos. O sistema de alerta para os bombeiros que não se encontram de turno funciona através de mensagens de texto ou chamadas telefónicas, ignoradas pelos elementos em questão.
O comandante sublinha que não é uma atitude generalizada a toda a corporação, apenas a alguns elementos. Questionado por O MIRANTE, Francisco Oliveira, presidente da Câmara de Coruche, afirma que os intervenientes vão ser ouvidos e que o processo ficará a cargo dos serviços jurídicos da autarquia.
Sérgio Carvalho, presidente do Sindicato Nacional dos Bombeiros Profissionais, explicou a O MIRANTE que a tensão se deve à falta de remuneração de horas extraordinárias, à falta de recursos humanos e à vontade dos operacionais em alterar o esquema de turnos. Acrescentou que nenhum bombeiro se recusou a trabalhar acrescentando que as motivações para os processos disciplinares são falaciosas.
“Quando os elementos estão no dia de descanso podem não ouvir os telefones ou não estar sequer nas imediações do quartel, ou até do concelho”, justifica Sérgio Carvalho, adiantando que o sindicato vai recorrer das decisões caso sejam levantados processos disciplinares aos operacionais em causa.
O dirigente sindical explicou ainda que os operacionais trabalham muito mais que as 35 horas semanais, sem receber qualquer remuneração pelas horas extra. “Há operacionais a trabalhar mais de 60 horas semanais.” vinca, acrescentando que a interpretação feita pelo município e pelo comando é errada e que a disponibilidade permanente não invalida o pagamento de horas extraordinárias.
O sindicato tem estado em negociações com a Câmara de Coruche para a renegociação do pagamento destas horas e para a alteração dos horários e da rotatividade dos turnos. Actualmente a corporação funciona em turnos de 8 horas: Entre as 08h00 e as 16h00; as 16h00 e as 24h00; e as 24h00 e as 08h00; com cinco ou seis bombeiros a garantir cada turno. A proposta do sindicato é a alteração para turnos de 12 horas, o que possibilitaria manter uma equipa de folga, embora disponível para dar apoio em caso de necessidade.
O MIRANTE sabe que se realizou um plenário do sindicato no quartel dos bombeiros de Coruche, na segunda-feira, 21 de Fevereiro, com vista à resolução destas situações. Sérgio Carvalho acredita que as negociações vão chegar a bom porto e que a situação terá resolução em breve.

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