Sociedade | 15-08-2022 21:00

Rancho de Benavente utiliza há anos sede degradada e sem condições de segurança

Vice-presidente do rancho, Zulmira Ganhão (ao centro), diz que as más condições estão a afastar os mais jovens

Colectividade pede há sete anos uma intervenção no edifício que tem infiltrações, pragas de ratos e casas-de-banho impróprias. Câmara de Benavente garante que a obra pode arrancar ainda este ano.

O Rancho Típico Saia Rodada, de Benavente, continua à espera das prometidas obras de requalificação na sua sede, reclamadas há pelo menos sete anos e onde, todas as semanas, ensaiam perto de 50 elementos, dos quais metade são jovens e crianças. O edifício, com perto de 60 anos, há muito que deixou de oferecer as condições mínimas de segurança e dignidade a quem o frequenta. A Câmara de Benavente assegura que a situação não foi esquecida.
Parte do telhado apodreceu, o que provoca infiltrações de água, os sistemas eléctricos são instáveis, as canalizações estão obsoletas e aparecem com frequência pragas de insectos e roedores, colocando em risco a saúde pública dos elementos de um dos mais importantes ranchos folclóricos da região. “Ao longo dos anos temos vindo a pedir à Câmara de Benavente ventoinhas no Verão e aquecedores no Inverno e no ano passado pedimos ajuda para que fosse feita uma desratização, mas até hoje nem isso conseguimos”, refere a O MIRANTE a vice-presidente da colectividade, Zulmira Ganhão, acrescentando que o rancho foi realizando pequenas obras, insuficientes para colmatar os problemas que foram surgindo com o passar do tempo.
O espólio de 42 anos de actividade já foi metido dentro de caixotes de cartão para não se danificar ainda mais, devido ao pó e humidade. Mas o pior, evidencia Zulmira Ganhão, é que as más condições do edifício têm contribuído para o afastamento e desinteresse dos mais novos, que optam por ir para outras colectividades que oferecem melhores condições. “O que se compreende, quem quer vir dançar com cheiro a fossa, ratos e outra bicharada?”, questiona, acrescentando que está convicta que a autarquia tem empurrado o assunto com a barriga, até porque tem avançado com outras obras. E se avança, completa, “é porque há dinheiro”.
Autarquia diz que obra poderá ter início ainda este ano
O problema que se arrasta há vários anos e que foi objecto de notícia em O MIRANTE no ano de 2020, voltou a ser tema de discussão na última reunião do executivo camarário, com a vereadora Sónia Ferreira, do PSD, a questionar se não existe em Benavente um espaço condigno onde a colectividade possa ensaiar, até porque vai ser necessário após o arranque dos trabalhos de requalificação daquele edifício. “O edifício não tem condições para ser utilizado. Não estamos a falar de uma obra de cosmética, mas da segurança das pessoas. No estado em que as instalações se encontram não será difícil acontecer uma desgraça a qualquer momento”, sublinhou a vereadora.
Em resposta, o presidente do município, Carlos Coutinho, garantiu que o problema não caiu em saco roto e que a autarquia, inclusive, disponibilizou ao rancho o Centro Cultural de Benavente, que é utilizado por outras associações e colectividades. O Saia Rodada, explica Zulmira Ganhão, aceitou e chegou a realizar um ensaio no Centro Cultural, mas a direcção optou por regressar à sua sede uma vez que, alega, não lhes era permitido utilizar o bar nos seus eventos. “Como é óbvio, precisamos que angariar fundos para a colectividade porque o que recebemos não chega para andar pelo país a representar Benavente”, sustenta.
Relativamente à obra, Carlos Coutinho referiu que se trata de um investimento significativo, que sofreu um aumento devido à subida de preços das matérias-primas e que por esse motivo a obra vai ter que ser repartida. O autarca disse ainda que é expectável que os trabalhos arranquem ainda em 2022 e possam ser concluídos no ano seguinte.
O investimento global rondará os 400 mil euros e além de sede do Saia Rodada, o edifício deverá acolher outras iniciativas. Em 2020 Carlos Coutinho disse serem precisos cerca de 200 mil euros para executar a obra e que um investimento dessa envergadura só seria possível com o apoio de fundos comunitários.

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