Sociedade | 26-01-2022 07:00

Resíduos tóxicos queimados a céu aberto em Benavente com a presença dos bombeiros e funcionários da autarquia

Resíduos tóxicos queimados a céu aberto em Benavente com a presença dos bombeiros e funcionários da autarquia

Moradores estão indignados com a queima de pneus e outros materiais tóxicos a céu aberto na Coutada Velha levada a cabo por trabalhadores da Câmara de Benavente com a presença dos bombeiros.

Presidente do município diz desconhecer a situação que “não devia ter acontecido” e que configura um crime ambiental.

A realização de queimadas de resíduos num terreno da Câmara de Benavente, localizado na Coutada Velha, que é utilizado pelos serviços municipais de higiene e limpeza urbana para deposição provisória de lixo com materiais tóxicos, como pneus e electrodomésticos, está a preocupar e a causar indignação entre a população. Os munícipes estranham como é que a autarquia permite e colabora com um crime ambiental chamando os bombeiros ao local para vigiar a queimada.
Revoltada por ver a situação repetir-se, Ana Paula Silva garantiu a O MIRANTE que o descontentamento entre os moradores é geral e que não compreendem porque é que “a Coutada Velha não serve para ter esgotos, estradas arranjadas, mas serve para ter um aterro onde se queima de tudo”. A moradora daquela localidade da freguesia de Benavente decidiu, por isso, questionar os autarcas locais na última reunião camarária. “Aquela vergonha não pode continuar!”, exclamou.
Sempre que é realizada uma queimada no local, como as que aconteceram em Outubro e Novembro de 2021 e das quais há registo em vídeo, ao qual O MIRANTE teve acesso, o fumo negro e denso é visível a vários quilómetros de distância. “Em Novembro esteve uma semana a arder. Aquele fumo é muito incómodo e temos receio que um destes dias o fogo se descontrole e aconteça uma desgraça”, diz ao nosso jornal outro morador, acrescentando que já arderam algumas das vedações que cercam o terreno.

Autarca apanhado de surpresa

O presidente da Câmara de Benavente, Carlos Coutinho, quando questionado por O MIRANTE sobre o assunto, disse desconhecer que se realizassem queimadas no local admitindo apenas que aquele espaço é utilizado como depósito provisório para “verdes e entulho” que depois é encaminhado para os respectivos aterros devidamente certificados. Uma resposta semelhante foi dada pelo autarca da CDU na sessão camarária, realizada a 17 de Janeiro, quando questionado por Ana Paula Silva.
“Obviamente temos um espaço que não está na zona habitacional da Coutada Velha onde fazemos o depósito dos entulhos e dos verdes e contratamos empresas para os poderem encaminhar para os locais próprios”. Carlos Coutinho acrescentou que embora desconhecesse a realização das queimadas “são situações que não deviam ter acontecido”.
A combustão de pneus sem recuperação energética, nomeadamente a queima a céu aberto, é proibida na acepção do número três do artigo 52º do decreto-lei número 152-D/2017, de 11 de Dezembro. Os pneus são constituídos por substâncias tóxicas como o mercúrio e o chumbo, prejudiciais à saúde humana e animal e ao meio ambiente por conterem vários tipos de plásticos.

PSD fala em crime ambiental

O assunto já tinha sido também abordado em anteriores reuniões de câmara e da Assembleia Municipal de Benavente pelo PSD, que fala de uma “situação que poderá enquadrar-se num crime de foro ambiental” e manifestou estranheza por nenhum membro do executivo CDU ter conhecimento do caso. O vereador Luís Feitor chegou a questionar quem deu, afinal, ordem para que fosse requisitada a presença dos Bombeiros Voluntários de Benavente no local.
Em resposta ao vereador social-democrata, na reunião realizada a 20 de Dezembro último, o vereador Hélio Justino (CDU), disse ser ele o “responsável maior por esta situação” admitindo que pontualmente aconteceram outras queimadas. “Posso garantir que estarei muito mais atento no futuro a este tipo de situações para que elas não se repitam”, afirmou o autarca.

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