Sociedade | 12-05-2022 20:59

Tejo Ambiente dá prejuízo devido a estudo económico desactualizado e tarifas devem aumentar

Tejo Ambiente dá prejuízo devido a estudo económico desactualizado e tarifas devem aumentar

Empresa intermunicipal de águas, saneamento e resíduos, que começou a operar em seis municípios do Médio Tejo em 2020, acumulou prejuízos de 2,2 milhões de euros e perto de 900 mil euros nos dois anos de actividade porque o estudo de viabilidade estava desfasado da realidade. Se os serviços continuassem nas mãos dos municípios o cenário seria pior. Com um novo estudo entregue na entidade reguladora é certo que as tarifas que os consumidores pagam vão aumentar.

A Tejo Ambiente, empresa intermunicipal de abastecimento de água, saneamento e gestão de resíduos, constituída por seis municípios do Médio Tejo, tem dado prejuízo desde a sua criação em 2019. Contra as determinações da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), que estipulam que os serviços devem pagar-se a eles próprios. A empresa de capitais unicamente públicos entrou em actividade em 2020 com base num estudo de viabilidade económico e financeiro de 2016. Com base nesse documento as tarifas de água baixaram em dois municípios, o que se tem reflectido nas contas. A situação vai obrigar a aumentar os valores cobrados pela água, pelo menos nesses concelhos. Mesmo com prejuízo, este é menor do que quando os serviços eram das câmaras municipais.
O estudo de viabilidade económico e financeiro data de 2016 e foi com base nele que se fez a uniformização das tarifas, o que levou à redução das tarifas de consumo de água em Tomar e Ferreira do Zêzere. A empresa teve agora que apresentar à ERSAR um novo estudo que reflecte a situação actual e tem em conta o período de pandemia que apanhou os dois primeiros anos de actividade da empresa. Segundo o presidente do conselho de administração da Tejo Ambiente e da Câmara de Ourém, Luís Albuquerque, a empresa já respondeu a algumas questões colocadas pela entidade reguladora e aguarda-se a sua aprovação. O autarca reconhece que “se calhar não se teria baixado as tarifas” se os números estivessem actualizados no final de 2019 quando se preparou a entrada em funcionamento da empresa, alertando ainda para o facto de a pandemia também ter influenciado a gestão.
Luís Albuquerque, admitindo que “deve haver mexidas nas tarifas”, salienta que apesar de os municípios terem de suportar o passivo da empresa na proporção da participação social de cada um com base na dimensão dos municípios, sendo Tomar o maior accionista e Ourém o segundo, sem a empresa os prejuízos do conjunto das câmaras seriam seis ou sete vezes superiores. Com base no relatório de contas de 2021, as autarquias tiveram que transferir na globalidade perto de 900 mil euros para equilibrar os resultados financeiros.
No primeiro ano as seis câmaras suportaram o prejuízo de cerca de 2,2 milhões de euros. Mas, sublinha o presidente de Ourém e da Tejo Ambiente, antes da criação da empresa os municípios de Tomar, Ourém, Ferreira do Zêzere, Mação, Sardoal e Vila Nova da Barquinha somavam no conjunto um passivo de cerca de quatro milhões de euros com o fornecimento de água, saneamento e resíduos. Luís Albuquerque estima mesmo que “se não fosse criada a empresa o prejuízo actualmente para os municipios seria de pelo menos seis milhões de euros”.
O autarca de Ourém realça que com os investimentos na ordem dos 22 milhões de euros que a empresa está a fazer na melhoria das redes de água e saneamento, os resultados que a empresa intermunicipal apresenta “têm sido um verdadeiro milagre”.

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