Sociedade | 02-07-2022 12:00

Turismo religioso ganhava asas com aeroporto mais perto de Fátima

Workshop de Turismo Religioso em Fátima debateu a importância de ter um aeroporto internacional mais próximo de Fátima

Workshops Internacionais de Turismo Religioso reuniram em Fátima mais de 250 agentes do sector, oriundos de 47 países. Um fórum muito participado onde, durante dois dias, foram abordadas questões pertinentes como um aeroporto mais próximo do santuário mariano e a falta de mão-de-obra no sector turístico.

A importância de ter um aeroporto internacional mais próximo de Fátima e a escassez de mão-de-obra no sector turístico foram dois dos assuntos em foco nos Workshops Internacionais de Turismo Religioso (IWRT), que decorreram nos dias 23 e 24 de Junho, em Fátima, promovidos pela ACISO – Associação Empresarial de Ourém-Fátima. “O turismo religioso contribui para o desenvolvimento de toda a região e do país. E mais ainda poderia contribuir se Fátima fosse servida de um aeroporto”, considerou o presidente da Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal. Pedro Machado lembrou que, à excepção de Fátima, os principais santuários marianos mundiais “beneficiam de um aeroporto no perímetro de 40 quilómetros”, disse em declarações à publicação distribuída pela ACISO.
O “grave problema” de escassez de mão-de-obra no sector do turismo, ao qual o turismo religioso também não escapa, foi um dos assuntos levantados por Francisco Calheiros, presidente da Confederação de Turismo de Portugal (CTP), e para o qual Natálio Reis, vice-presidente da Câmara de Ourém, também procurou chamar a atenção da secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, que esteve presente nos trabalhos. “São cerca de 45 mil funcionários que nos estão a faltar”, precisou o autarca, pedindo que esta questão se possa resolver “o mais urgentemente possível”.
Francisco Calheiros foi ainda particularmente contundente nos reparos à ausência de uma decisão sobre a construção do novo aeroporto de Lisboa, a qual entende que deve ter tomada “o mais urgentemente possível”. “Este é um assunto que nos deveria envergonhar a todos. Como é que andamos há mais de 50 anos a falar sobre o novo aeroporto e nenhuma decisão é tomada”, lastimou o presidente da CTP.

2022: o ano da recuperação em Fátima
A 10.ª edição daquele que se tem vindo a afirmar como um dos eventos mundiais de maior projecção na área do turismo religioso levou ao Centro Pastoral Paulo VI 286 operadores turísticos de 47 países. Durante dois dias, numa tenda instalada no parque junto ao Centro Pastoral de Paulo VI, decorreram reuniões profissionais, num total de 4.420 reuniões pré-agendadas, assim como visitas aos espaços de exposição. Estes números traduzem o desejo de afirmar os IWRT como “uma referência mundial para o trade do turismo religioso”, além de um “efectivo acelerador da recuperação turística pós-pandemia”, como sublinhou Purificação Reis, presidente da ACISO. De acordo com a dirigente, este certame é a prova de que o turismo religioso está “empenhado em assumir-se como um sector dinâmico e responsável, que promova o desenvolvimento sustentável das comunidades locais, do território e do património cultural”.
Uma opinião partilhada por Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário de Fátima, que definiu 2022 como um ano de “clara recuperação” em Fátima. Tendo em conta que o Santuário costuma receber, em média, entre 6 e 6,5 milhões de peregrinos por ano, os dois anos mais intensos da pandemia registaram uma “quebra enorme”: 1,4 milhões em 2020 e 2,5 milhões em 2021. Em 2022, contudo, o regresso dos peregrinos já se faz sentir. “Até Maio deste ano, o número de visitas já superava o total de peregrinos em Fátima no ano de 2020”, revelou Carlos Cabecinhas.

Recados para a secretária de Estado do Turismo
Na cerimónia de abertura dos X IWRT, os representantes de algumas das principais organizações de turismo em Portugal aproveitaram a presença da secretária de Estado do Turismo para deixar alguns recados sobre os “tempos conturbados” que o sector atravessa, como notou Alexandre Marto. O vice-presidente do conselho fiscal da ACISO e CEO do grupo Fátima Hotels ressalvou que a “retoma não é homogénea no caso de Fátima” e admitiu que há alguns mercados “com dificuldade em arrancar”. É o caso do mercado brasileiro que, em Abril de 2022, estava 20% abaixo do período pré-pandemia, e do mercado coreano, responsável por cerca de 100 mil noites em Fátima e que, segundo o empresário, “ainda está adormecido”.
Para Francisco Calheiros, presidente da Confederação de Turismo de Portugal, apesar de haver motivos para “optimismo”, como o facto de, em Abril deste ano, a actividade turística, em Portugal, ter crescido 1% face a Abril de 2019, isso não apaga os “problemas que o turismo enfrenta e que têm de ser resolvidos o quanto antes”. Como é o caso da capitalização das empresas, que considera factor essencial para o futuro próximo. “É necessário que as ajudas públicas, há tanto tempo prometidas, saiam do papel”, insistiu. Francisco Calheiros apontou também o dedo às “situações lamentáveis” que se têm registado nos aeroportos de Lisboa e de Faro, “com passageiros de voos de fora da Europa a terem de esperar várias horas” nos controlos de fronteira do SEF. “Definitivamente, não é esta a imagem de um país turístico que queremos transmitir lá para fora”, criticou.

Santarém Hotel e o Santíssimo Milagre

O MIRANTE falou com Daniel Mota, representante do Santarém Hotel, que conjuntamente com um dos seus colaboradores realizou cerca de sessenta reuniões de trabalho nos dois dias do congresso. Daniel Mota diz que não fez negócios mas ficou com grandes expectativas em relação a muitos contactos que teve com representantes da América Latina, nomeadamente do Brasil, e ainda Índia e França, só para citar alguns destinos. O director geral do Santarém Hotel confessou que participa pela primeira vez mas que não voltará a faltar a esta importante reunião de negócios, que o surpreendeu pela positiva.
Curiosamente, apesar de Santarém ser um destino religioso com fama, principalmente nos mercados da América do Norte, devido ao Santíssimo Milagre, só houve representação do turismo de Santarém e do Museu Diocesano como expositores.

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