Uma freguesia às portas de Lisboa onde a rede móvel falha e já não há centro de saúde nem escolas
Entrevista a José Martins, que está pela primeira vez no cargo de presidente de junta depois de ter conquistado a freguesia de Aveiras de Baixo
José Martins está pela primeira vez no cargo de presidente de junta depois de ter conquistado a freguesia de Aveiras de Baixo aos socialistas pela diferença de dois votos. Encontrou as finanças da junta de pernas para o ar e diz não ter dúvidas que a freguesia que lidera, onde a rede móvel falha e o posto de saúde e as escolas fecharam, é a mais esquecida do concelho. Antes de ingressar na política foi militar da GNR, autoridade que devido à falta de efectivos tem vindo a perder a proximidade com as populações.
As informações constam na entrevista que publicamos na edição semanal em papel desta quinta-feira, 18 de Agosto, da qual fica aqui um excerto:
Já o ouvimos dizer que a freguesia de Aveiras de Baixo é a mais esquecida do concelho. Em que se baseia?
Em relação à saúde, desde que o médico se reformou nunca mais tivemos o posto médico a funcionar. Na educação, apesar de termos muitos alunos, encerraram as três escolas, quando em freguesias com menos crianças, como Vale do Paraíso, continuam a funcionar. E, ainda, porque somos servidos por um apeadeiro da CP onde se paga bem mais do que nos restantes do concelho. Tenho vindo a reclamar muito sobre este assunto, porque defendo que os utilizadores das Virtudes devem ser subsidiados.
A Câmara de Azambuja tem vindo a interceder junto do Governo nesse sentido, mas até agora sem efeito. Demonstra esse facto que Azambuja é um município pouco influente?
Neste caso do passe Navegante não é uma questão de influência mas de boa vontade. O PSD fez as contas e tratava-se de um diferencial de 8 mil euros, que a câmara municipal pode suportar. Não precisa do Governo para nada.
Voltando à educação. O encerramento de escolas tem sido mal gerido?
Tem de ser pensado. O encerramento de escolas faz com que os habitantes percam o sentimento de pertença à sua terra o que, por sua vez, faz desaparecer o bairrismo, o associativismo e o voluntariado. Além disso, a actividade económica também sai prejudicada. Deixamos de ter escolas na freguesia e o comércio foi desaparecendo até não termos uma única mercearia. Já não se faz vida em Aveiras de Baixo porque se está completamente dependente da sede de concelho. Por esse motivo já retomamos o transporte semanal até Azambuja, assegurado pela junta, a idosos e pessoas vulneráveis. Vão fazer as suas compras de mercearia, vão à farmácia e só tenho pena que já não possam usufruir do centro de saúde porque transitamos para Aveiras de Cima, onde também não há médicos para todos.