Sociedade | 23-02-2022 10:00

Edição Semanal. Vítima de bullying no Entroncamento continua sem ir à escola

Antónia Melo, mãe da menina agredida

Menina, de 11 anos, foi alvo de agressões como pontapés e puxões de cabelo e colegas filmaram e não reagiram. A mãe, que apresentou queixa na PSP, pondera transferi-la para outro estabelecimento escolar.

Antónia Melo ainda não decidiu se a filha, de 11 anos, que foi vítima de bullying por colegas no interior da Escola Dr. Ruy d’Andrade, no Entroncamento, vai continuar a frequentar esse estabelecimento de ensino. A aluna do 6º ano foi alvo de agressões como puxões de cabelo e pontapés, por colegas de turma no dia 4 de Fevereiro. As agressões foram filmadas por colegas. Antónia Melo não sabe o que fazer porque, diz, o Entroncamento é um meio pequeno, onde toda a gente se conhece. Já em ocasiões anteriores a mãe conta que a filha recebeu mensagens com ameaças de morte, como mostrou a O MIRANTE.
“Dois dias depois da agressão havia colegas a gozarem com ela porque os vídeos estão a circular pelos telemóveis dos alunos. É muito difícil ver a minha filha exposta a estas situações. Não tenho que fazê-la passar por todo este desgaste emocional”, afirmou a mãe a O MIRANTE. Por enquanto a filha não tem ido à escola e, por vontade de Antónia Melo, não irá mais. O problema é que no Entroncamento esta é a única escola que tem o sexto ano de escolaridade. A alternativa é ir para fora do concelho. Por isso está ainda tudo a ser equacionado.
Antónia Melo confessa que o que mais a chocou em toda esta situação foi o facto das agressões terem ocorrido dentro da escola e “ninguém” ter visto nada nem a terem informado imediatamente do que se tinha passado. A filha contou-lhe que tinha havido uma briga na escola mas a mãe desvalorizou. Só tomou real dimensão de tudo quando viu os vídeos no dia seguinte.
Na segunda-feira de manhã dirigiu-se à escola e garante que ninguém do estabelecimento escolar a contactou. “Só quando apareci à porta para resolver o assunto é que uma funcionária me disse que iriam entrar em contacto comigo. Fiz a participação da agressão nesse dia e falei com o director de turma, que ficou tão chocado quanto eu”, recorda. Antónia Melo afirma que os alunos devem ser responsabilizados pelas suas acções. “Todas as acções geram reacções. Eu não poupo os meus filhos do resultado das suas atitudes por isso também não poupo os filhos dos outros quando têm atitudes erradas. As crianças e os adolescentes têm que entender os seus limites”, realça.
Antónia Melo veio a Portugal em 2016 e diz ter-se apaixonado pelo país. Regressou ao Rio de Janeiro, de onde é natural, mas sempre quis sair da cidade brasileira porque não queria que a filha crescesse num ambiente de “muita violência”. Em 2018 mudou-se definitivamente para o nosso país e escolheu uma cidade pequena por considerar ser mais seguro. Vive no Entroncamento desde então e nunca tinha tido problemas. Neste momento equaciona mudar de cidade para que a filha possa ir à escola sem se sentir condicionada.

Agrupamento de Escolas do Entroncamento abriu inquérito

De acordo com a direcção do Agrupamento de Escolas (AE) do Entroncamento, “está em curso um inquérito de averiguações instaurado no dia 7 de Fevereiro, pela directora do agrupamento e que se encontra em fase de conclusão para efeitos disciplinares”, afirmou a directora do Agrupamento de Escolas Cidade do Entroncamento, Amélia Vitorino.
Em email de resposta às questões colocadas por O MIRANTE, a mesma responsável informou ainda que foi accionada uma equipa de profissionais especializados que tem abordado esta temática com a comunidade educativa e acompanhado em permanência os alunos envolvidos no presente caso, acrescentando que foi accionada a equipa técnica de psicologia para acompanhamento e apoio à aluna agredida e respectivos encarregados de educação. Amélia Vitorino refere que a escola tem trabalhado o tema do bullying por forma a “combater comportamentos desviantes e favorecer a tolerância, o respeito, assim como o bem-estar emocional da comunidade discente”. O comando distrital da PSP de Santarém confirmou ter sido apresentada uma queixa pela mãe da vítima contra as alegadas agressoras.

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