Três Dimensões | 22-02-2022 21:00

“A formação tem que passar a ser uma prioridade nas empresas”

Carina Andrade é responsável pela formação prestada a empresas, empresários e colaboradores

Carina Andrade, gestora da formação na Deator, empresa de formação e consultoria sediada em Santarém.

Filha de pais madeirenses, nasceu há 35 anos na Venezuela. Estudou em Tomar, vive em Lisboa e trabalha em Santarém. Carina Andrade é mãe e uma profissional dedicada, que diz que os dois mundos são compatíveis quando a parentalidade é partilhada. Diz que nem a formação cumpre o seu papel quando não é objectiva nem as empresas atingem o desejado crescimento quando não apostam nos seus colaboradores.

A minha missão de vida é conseguir inspirar os outros sobretudo as minhas filhas. Cada um de nós pode fazer a diferença pelas acções que toma. Não podemos responsabilizar as escolas pelo ensinamento de valores que queremos para os nossos filhos. O exemplo e a educação vêm de casa.
A parentalidade é para ser vivida e partilhada a 100 por cento. Lá em casa somos uma equipa. Não sou apologista do método em que o homem “ajuda” a mulher em casa ou a tratar dos filhos. A casa e os filhos são dos dois. A mulher viveu durante demasiado tempo a ser uma sombra do homem e esse paradigma que ainda se verifica tem que mudar. Sou focada, tenho objectivos para a minha carreira profissional e fui mãe aos 29 anos. Infelizmente, muitas mulheres que querem ter filhos adiam essa vontade com medo de saírem prejudicadas nas suas carreiras.
Sou gestora da formação na Deator desde 2018 e encaro o meu trabalho como um projecto do qual faço parte. É disso que se trata. Cada colaborador tem o seu papel na empresa onde trabalha, mas para se entregar plenamente à causa precisa de saber concretamente qual é o seu papel, a sua missão. Este tipo de formação comportamental está presente nas grandes empresas e as pequenas deveriam olhar para ela como uma vantagem ao seu crescimento.
Há empresários que olham para a formação como um custo quando está provado que é um investimento com retorno. Falta perceber que a formação muda comportamentos e que através dela as empresas podem chegar mais facilmente a altos níveis de rendimento e facturação. A formação tem que deixar de ser uma alínea e passar a ser uma prioridade das empresas. Infelizmente está mal catalogada, ainda é vista como algo enfadonho e prolongado. Não tem que ser assim, a formação pode e deve ser dinâmica e objectiva. Uma liderança bem definida é indispensável numa empresa. E um líder deve conseguir ser um exemplo, um modelo a seguir. Para essa resposta também há formação na área do coaching e motivação de equipas.
Aos 18 anos deixei a Madeira e mudei-me sozinha para Tomar. Foi a fase mais marcante da minha vida. Sou licenciada em gestão de recursos humanos e comportamento organizacional pelo Instituto Politécnico de Tomar e fiz um mestrado em Políticas de Desenvolvimento dos Recursos Humanos no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE).
Nasci  e vivi na Venezuela até aos 11 anos. Guardo boas memórias da minha infância, com excepção dos problemas com a insegurança que afectam o país. Residia em Caracas com a minha família e lembro-me de fazermos três horas de viagem até uma pequena parcela agrícola onde brincava livremente e tinha contacto com a natureza.
Sofri de bullying na infância por causa do sotaque que tinha quando me mudei da Venezuela para a Madeira, de onde a minha família é originária. Como tenho uma personalidade vincada e uma enorme capacidade de adaptação consegui fazer com que a violência psicológica parasse. Valorizo muito a honestidade das pessoas e o empenho que metem naquilo que fazem. Considero-me sociável, simpática e sensível. Sou apegada à minha família e não gosto de passar muito tempo longe dela. Quando viajo para a Madeira procuro o apoio e afecto junto dos meus pais.
Gostava de sair da cidade e ir viver para o campo para estar mais próxima da natureza. Actualmente vivo em Lisboa e trabalho em Santarém. Não digo tudo o que penso, mas às vezes a minha linguagem não verbal fala por mim. Já deixei de ser uma pessoa com arrependimentos, hoje encaro o meu passado como uma experiência que contribuiu para aquilo que sou hoje.
Os julgamentos deixaram de fazer parte do meu discurso. O mundo, inclusive o empresarial, precisa de pessoas mais tolerantes. Não nos podemos esquecer que muitas vezes não sabemos o que é que o outro está a passar e temos o dever de o respeitar enquanto pessoa.

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