Três Dimensões | 02-08-2022 11:59

Bruno Fortes: “preocupa-me a falta de água no rio Tejo”

Bruno Fortes é o gerente da Pastelaria Rosabella, no centro do Cartaxo, um negócio que herdou dos seus pais

Bruno Fortes, 40 anos, é gerente da Pastelaria Rosabella, no centro do Cartaxo, há cerca de dez anos. Está a dar continuidade ao negócio que era dos pais. Sempre gostou desse sector e nas férias escolares, ou mesmo depois das aulas, era habitual vê-lo a ajudar os pais na pastelaria. Formou-se em Restaurante/Bar e não se imagina a trabalhar noutra área. Tem dois aquários em casa e tratar dos peixes e da limpeza dos aquários é uma forma de terapia e de desligar da agitação do dia-a-dia. Acha que já houve mais respeito pelos mais velhos e preocupa-o a falta de água no rio Tejo, assim como o aquecimento global do planeta.

Em criança aproveitava as férias para ajudar os meus pais na pastelaria. Este negócio já era dos meus pais e acabei por ficar com ele. Gostava de ajudar mas nunca pensei dar continuidade ao negócio. Foi algo natural que acabou por acontecer porque comecei a gostar desta área. Comecei a trabalhar aqui aos 16 anos. Estudava e trabalhava. Entretanto tirei o curso de Restaurante/Bar, na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, núcleo de Santarém, que já foi extinto. Depois comecei a trabalhar a tempo inteiro. Sou o administrador da Pastelaria Rosabella, no Cartaxo, há cerca de dez anos.
A pastelaria continua a ser um ponto de encontro entre amigos, mas as pessoas já não ficam tanto tempo. Antes da pandemia as pessoas ficavam tardes na pastelaria a conversar e a passar tempo. Depois dos confinamentos os clientes vêm tomar café ou lanchar mas já não ficam tanto tempo. Ainda há algum receio. Tem que se retomar a confiança para estar nos cafés e pastelarias.
Um dos momentos mais complicados foi no início do primeiro confinamento. Estávamos todos assustados, sem perceber muito bem o que iria acontecer. Não sabíamos se as pastelarias e cafés poderiam estar abertos. A indefinição, não saber o futuro, foi duro. Havia muita falta de informação. Passava os dias a ler o Diário da República para saber as alterações que saíam quase todos os dias. Agora tenho que ler as tabelas de preços para ver as alterações (risos). O segredo do sucesso é trabalhar muito e sabermos adaptar-nos às constantes mudanças.
Há falta de sentido de responsabilidade nos mais jovens. Safei-me de cumprir o serviço militar obrigatório mas defendo que ir uns meses à tropa faria bem a muitos jovens. Acho que hoje se ultrapassa a linha da falta de respeito com muita facilidade. Por exemplo, nas escolas já não se respeita a figura do professor. Quando andei na escola podia ser irrequieto e fazer alguns disparates com os meus amigos, mas nunca chegámos a faltar ao respeito aos professores. E se esticássemos um bocadinho a corda, como se costuma dizer, pedíamos desculpa. Hoje isso não acontece. Os pais protegem muito os filhos e quase que têm que ser os professores a pedir desculpa aos alunos. Estou a exagerar, mas os tempos mudaram muito.
O momento mais emocionante da minha vida foi o nascimento da minha filha, há três anos. A vida muda completamente. As prioridades são outras, agora tudo gira em torno dela. Faço para estar mais tempo em casa, com a família, e aproveitar todos os bocadinhos para estar com a minha filha. A minha profissão não é fácil e quero vê-la crescer e ser um pai presente. Um dia perfeito é estar com a família, sem preocupações e desligar de tudo, até do telemóvel. Gosto de campo e de mar mas agora as férias são sempre passadas na praia porque a minha filha adora o mar. Ainda não programamos as férias mas sabemos que vão ser na praia.
Os níveis de poluição do planeta diminuíram com os confinamentos. O aquecimento global do planeta Terra já existe há muitos anos mas nunca se faz nada apesar dos alertas que a mudança de clima nos vai dando. Acho que o lóbi das petrolíferas tem culpa nesta situação porque são os principais causadores de poluição e todos dependemos deles para trabalharmos e vivermos. Ainda vamos a tempo de salvar o planeta mas têm que ser tomadas medidas senão o Homem vai desaparecer mas o planeta vai continuar como sempre.
Preocupa-me a falta de água no rio Tejo. Passei por lá há pouco tempo e só se via areia, água quase nenhuma. É preocupante. Também acho que se faz pouca reciclagem a nível nacional. Já existem mais ecopontos mas ainda há muita gente que não se preocupa com a reciclagem, que é fundamental para termos um melhor meio ambiente.
A circulação automóvel no Cartaxo não é fluída. O trânsito é muito atravancado, a circulação não está bem feita. Além disso, falta sinalização e temos que dar voltas que poderiam ser evitadas. Não é fácil circular nesta cidade. Também faz muita falta o alcatroamento de várias artérias. Sabemos que o município não tem dinheiro mas estas coisas básicas deveriam ser resolvidas.

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