Três Dimensões | 08-03-2022 21:00

“O mundo empresarial precisa de pessoas mais tolerantes e mais competitivas”

Jorge Rodrigues é coordenador da ADIRN (Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte) há 29 anos

Jorge Rodrigues, 59 anos, coordenador da ADIRN, Tomar.

A ADIRN – Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte celebrou 30 anos e Jorge Rodrigues é o seu coordenador há 29 anos. Tem dedicado a sua vida ao desenvolvimento da região e considera que se verificou um crescimento exponencial do turismo na região norte do distrito de Santarém nas últimas décadas. Licenciado em Engenharia Agrónoma, investiu, juntamente com o seu irmão, há cerca de quatro anos num alojamento local na zona de Castelo do Bode. Nasceu em Faro mas com um ano de idade foi viver para Tomar, onde hoje ainda reside.

Há 30 anos dizia-se que a agricultura era a arte de empobrecer alegremente. Felizmente agora há o reconhecimento da profissão e é vista com outros olhos. O trabalho agrícola está mais facilitado porque há mais tecnologia e os jovens agricultores têm mais formação. Tornou-se uma profissão que as pessoas gostam de assumir. Acredito que houve um desgaste da vida nas grandes cidades, as pessoas desiludiram-se e decidiram voltar às raízes. Talvez isso tenha contribuído para a aposta na agricultura.
O mundo empresarial precisa de pessoas mais tolerantes mas também mais competitivas. Tem que haver um meio termo. Têm que ser competitivas para sobreviver mas se não tiverem parceiros, se não fizerem cedências e não forem tolerantes não vão a lado nenhum. Não pode valer tudo para ter sucesso.
Tomar está a ficar na moda. É dos concelhos do norte do distrito de Santarém que tem conseguido atrair mais turistas e que se tem desenvolvido mais nessa área. Claro que o Convento de Cristo ajuda muito mas nota-se que as pessoas também vêm conhecer a cidade cá em baixo. Isto além de Fátima, que é um fenómeno incontornável. Temos conseguido trazer alguns turistas que vão a Fátima e depois vêm conhecer o resto do território. Não tem sido um caminho fácil mas, aos poucos, estamos a conseguir.
Os anos da pandemia foram muito bons para os concelhos abrangidos pela barragem de Castelo do Bode. Com a Covid-19 as pessoas fugiram das praias e dos grandes aglomerados e descobriram o interior e as suas praias fluviais. Daí termos tido um grande aumento de turistas. Temos procurado acompanhar as tendências de mercado ao inovar e procurar novas soluções para trazer cada vez mais turistas para o norte do Ribatejo. Estamos à apostar no turismo do bem-estar e tranquilidade. São as tendências que os turistas actuais procuram.
Sou um apaixonado por mar e mergulho. É uma sensação de tranquilidade absoluta quando se está lá em baixo em perfeita comunhão com a natureza. É o mundo do silêncio. Não é aconselhável tocar nos animais aquáticos mas estamos ali em harmonia e só ouvimos a nossa respiração. É uma experiência arrebatadora. Experimentei mergulho numas férias que fiz em Cabo Verde. Gostei tanto que me tornei instrutor de mergulho. Antes do mergulho pratiquei windsurf, canoagem, paraquedismo, parapente e vela. Adoro desportos náuticos.
Adoro regressar a Santo Antão, é um local genuíno. Já viajei várias vezes para esta ilha de Cabo Verde e tenho sempre vontade de voltar. É um destino rural, de montanhas, muito apelativo de se visitar. Temos uma parceria com Santo Antão e um dos projectos que pretendemos tentar dinamizar é o mergulho.
O caminho primitivo de Santiago é uma verdadeira prova de superação. É uma experiência única que fiz em Setembro do ano passado. São 333 quilómetros de Oviedo a Santiago de Compostela. Treze dias com uma mochila de 11 quilos às costas não é fácil. Aprendem-se várias lições. Uma delas é que tudo é possível. Ao início parece impossível fazer uma subida de nove quilómetros. Devagar, um passo de cada vez, tudo se consegue, por muito que a mochila nos pese. Durante aquele percurso dá para pensar em tudo e é a sensação que estamos connosco próprios e somos donos da nossa própria vida naqueles dias. Não temos compromissos nem o stress do dia-a-dia. Quando chegamos é uma sensação indescritível de superação.
Se queremos ser agentes de desenvolvimento temos que estar disponíveis. Não consigo desligar do trabalho. Mesmo durante as férias respondo a emails e estou ligado. Não o faço por obrigação mas por gosto. Este tipo de trabalho exige disponibilidade porque as coisas estão sempre a acontecer e também acontecem muito fora da hora de trabalho. É uma opção de vida.

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