Três Dimensões | 24-01-2022 07:00

“Trabalhar num meio pequeno traz mais proximidade e afeição aos clientes”

“Trabalhar num meio pequeno traz mais proximidade e afeição aos clientes”

Carla Sousa Feitor, 41 anos, Notária no Cartório de Vila Nova da Barquinha.

Carla Sousa Feitor nasceu em Benavente, onde cresceu e teve os seus dois filhos, de 12 e 9 anos. Há alguns anos decidiu, juntamente com o marido, mudarem-se para Lisboa. Depois de tirar o curso de Direito optou pelo notariado e há cerca de dois anos que é notária no cartório de Vila Nova da Barquinha. Faz mais de 200 quilómetros por dia mas diz que compensa pela proximidade que tem com os clientes. Gosta de viver na capital, apenas lamenta o tempo que perde no trânsito.

Tirei o curso de Direito, fiz o estágio e ainda pensei seguir para a magistratura mas quando comecei a trabalhar na área do notariado apaixonei-me. Cheguei a trabalhar no departamento de contencioso de uma grande entidade bancária em Lisboa e gostei bastante. Quando engravidei fiquei sem trabalho e decidi enviar currículos porque não estava a fazer nada. Comecei a trabalhar como assistente num notário em Vila Franca de Xira, onde fiquei cerca de dois anos.
Depois de vários anos como assistente decidi avançar com estágio para notária. Não me arrependo de ter deixado o Direito de lado. Sinto-me plenamente realizada nesta área. Sou notária do Cartório de Vila Nova da Barquinha há cerca de dois anos e não podia estar mais satisfeita apesar da logística ser muito grande, pois vivo em Lisboa.
Trabalhar num notário de Lisboa é completamente diferente de trabalhar num meio pequeno. Gosto desta proximidade com as pessoas, que não existe numa grande cidade. Em Lisboa há um maior distanciamento. Não há tempo e é tudo a correr. Aqui as pessoas pedem-me ajuda, não sabem como fazer as coisas e eu consigo resolver-lhes a situação. Passamos mais tempo a conversar e a explicar como se fazem as coisas mas gosto que assim seja. Compensa os mais de 200 quilómetros que faço por dia. O que mais gosto na minha profissão é mesmo a proximidade com as pessoas e o que menos gosto é a parte burocrática.
Aproveito as viagens de carro para trabalhar e organizar o que me falta fazer. A viagem para o trabalho costuma ser mais tranquila do que a de regresso a casa. A caminho de Lisboa vou a pensar no trabalho feito e no que ficou por fazer e também no que tenho que fazer com os meus filhos. Muitas vezes ainda tenho que os ir buscar à escola ou a alguma actividade.
O sucesso para um bom ambiente de trabalho é funcionar bem em equipa. A minha colaboradora, Cláudia Arrabaça, é o meu braço-direito. Confio nela para tudo. Se não estou no cartório está ela e é a mesma coisa como se fosse eu a tratar. É preciso confiança e lealdade para o trabalho correr bem. Não suporto que digam mal de mim nas costas e perder a confiança. Dificilmente consigo retomar a confiança na pessoa.
Em criança adorava brincar na rua com os amigos. Nasci e cresci em Benavente e os meus filhos ainda nasceram lá. Vivemos em Lisboa porque o meu marido sempre gostou da cidade e estamos perto de tudo. Gostamos de ir ao cinema ou ir dar um passeio à praia e lá estamos perto de tudo apesar de perdermos qualidade de vida com o tempo que passamos no trânsito. Tenho pena que os meus filhos gostem de ficar em casa de volta das novas tecnologias e não aproveitem os dias de sol para brincar na rua. A infância e adolescência de hoje é muito diferente da que vivi.
Ir viver para Lisboa e o nascimento dos meus filhos foram os momentos mais marcantes da minha vida. Mudar-me de Benavente para Lisboa não foi fácil porque sempre fui muito ligada aos meus pais. Houve ali um corte umbilical e ao início foi difícil, mas adaptei-me. Quando os filhos nascem a vida muda completamente e passamos a planear a nossa vida em função deles mas é a melhor aventura da vida.
Gosto de cozinhar mas tenho que seguir as receitas à risca. Sou muito meticulosa, ao contrário do meu marido. Ambos gostamos de cozinhar e fazemo-lo bem mas somos diferentes. Ele pega nas coisas e gosta de inventar e corre sempre bem. Eu também faço bons cozinhados mas tenho que seguir tudo como diz na receita. (risos)
Não gosto de criar expectativas para não me desiludir. Sou racional e gosto de me precaver para algo que possa correr mal. Gosto de medir muito bem aquilo que faço e não dar um passo maior do que a perna. A maior aventura que fiz nos últimos tempos foi comprar uma auto-caravana e tenho feito algumas viagens com o meu marido e, às vezes, os meus filhos para conhecermos melhor o nosso país.
Fiquei acordada toda a noite quando dormi numa tenda no deserto. Fui com o meu marido a Marrocos e fizemos uma visita guiada, onde andamos de camelo pelo deserto. Nessa noite dormimos numa tenda no meio do deserto. O meu marido dormiu tranquilamente mas eu não consegui pregar olho porque o vento era tanto que eu achava que a tenda ia desaparecer a qualquer momento. Fiquei um bocadinho assustada. De manhã estava tudo calmo, como se nada se tivesse passado. Gostava de conhecer países com culturas diferentes como a China ou o Japão. Também gostava muito de ir a Nova Iorque.

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