Arquivo | 08-11-2013 17:14

Três em cada quatro judeus dizem que antissemitismo cresceu na UE

Três em cada quatro judeus (76 por cento) consideram que os sentimentos antissemitas cresceram nos últimos cinco anos na União Europeia, sobretudo na Internet, revela um estudo da Agência dos Direitos Fundamentais da UE (FRA), divulgado hoje.Duas em cada três pessoas inquiridas entendem o antissemitismo - preconceito ou ódio contra os judeus - como um verdadeiro problema, e este sentimento é mais forte na Hungria (91 por cento), em França (88 por cento) e na Bélgica (88 por cento).O inquérito foi realizado entre Setembro e Outubro de 2012, junto de cerca de 6.000 judeus em oito países - Alemanha, Bélgica, França, Grã-Bretanha, Hungria, Itália, Letónia e Suécia - que concentram 90 por cento dos judeus na União Europeia.Entre os inquiridos, 66 por cento consideram o antissemitismo como um problema importante no respectivo país, enquanto 76 por cento declararam que a situação se agudizou nos últimos cinco anos.Um número de 21 por cento dos participantes no estudo adiantou ter sido vítima de algum incidente antissemita durante os doze meses prévios à realização da consulta, enquanto dois por cento disseram ter sofrido ataques físicos durante o ano passado.Por razões de segurança, um terço dos judeus da União Europeia considerou emigrar, no ano passado.Este sentimento é especialmente significativo na Hungria e em França, onde a metade da população judia pensa em emigrar, particularmente para os Estados Unidos, Israel ou outro país europeu.Um terço do milhão de judeus que se estima viverem na União Europeia afirmou nunca evitar identificar-se em público como membro dessa comunidade, enquanto os restantes o fazem sempre (20 por cento), frequentemente (18 por cento) e às vezes (30 por cento).Dados que, segundo Morten Kjaerum, diretor da FRA, indicam o nível de intimidação e preocupação dos judeus.O antissemitismo manifesta-se essencialmente na Internet, para 75 por cento dos inquiridos, e nos media, para 59 por cento."É alarmante comprovar que a Internet, que deveria ser uma ferramenta para a comunicação e o diálogo, está a ser utilizada como instrumento de perseguição antissemita", assinalou Kjaerum.Por isso, o director da FRA defende que os países da UE deveriam criar uma lista das práticas que constituem um delito antissemita.Kjaerum lamentou ainda que "76 por cento das vítimas de perseguição não a denunciem às autoridades, por acreditarem que não vai dar em nada ou porque não confiam na polícia".Serge Cwajgenbaum, secretário-geral do Congresso Judeu Europeu, considerou os números apresentados hoje "alarmantes" e advertiu que o antissemitismo "não é um assunto dos judeus, mas dos democratas europeus"."Se não se faz nada, o pior pode chegar. Não quero ser alarmista, mas não devemos esconder a verdade", disse Cwajgenbaum."Pensava que o antissemitismo tinha morrido em Auschwitz", disse este responsável francês, cujo país alberga a comunidade judia mais numerosa da União Europeia, com mais de meio milhão de pessoas."Falar em pleno 2013 sobre casos de antissemitismo em cidades como Londres, Paris ou Budapeste faz-me sentir medo pelo futuro da União Europeia", acrescentou."Estamos a revisitar o passado", concluiu em referência ao Holocausto, cujo início se assinala sábado, com os 75 anos da chamada "Noite de Cristal", em 1938, um dos expoentes da violência nazi contra a população judia da Alemanha e da Áustria, nos anos que antecederam a II Guerra Mundial.

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