Cultura | 11-04-2019 23:24

Caminhada na Serra de Santo António pretende "ligar o corpo ao território"

Caminhada na Serra de Santo António pretende "ligar o corpo ao território"
ALCANENA

Evento terá uma nova edição a 4 e 5 de Maio, com pernoita no albergue do Centro Cultural e Recreativo do Covão do Feto.

O Teatro do Silêncio realiza no domingo, 14 de Abril, uma caminhada para “Unir Territórios” na Serra de Santo António, Alcanena, num projecto desenvolvido com a Sociedade Portuguesa de Botânica que convida a “ligar o corpo ao território e activar os sentidos”.

Maria Gil, directora artística do projecto, revelou que a iniciativa, realizada no âmbito da parceria do Teatro do Silêncio com a associação Materiais Diversos nos concelhos (Alcanena e Cartaxo) onde esta promove o FMD (Festival Materiais Diversos), insere-se na ideia de “ecologia política”, aliando práticas ecológicas - no caso a identificação de espécies, algumas exclusivas deste território e em risco de desaparecimento -, a práticas artísticas e meditativas.

Neste projecto, a caminhada não é um exercício físico nem visa explorar zonas inacessíveis do país, salientou, acrescentando que o objectivo “é mesmo construir uma ideia de comunidade temporária, que é um conceito de que gostamos muito. O público não é alguém que está fora de nós”.

Maria Gil, que vem da área do teatro, da encenação, da dramaturgia, da performance, com um percurso de trabalho experimental e de investigação, fez-se acompanhar neste projecto pelo “viajante” Carlos Carneiro, guia em Marrocos e autor de “Até onde vais com 1000 euros?” (uma travessia de Lisboa até Dacar de bicicleta) e “Nunca é tarde” (uma viagem de pai e filho à volta de África), e dos biólogos Ana Francisco e Marco Jacinto, da Sociedade Portuguesa de Botânica (SPB), que vão mostrar as plantas da Serra de Santo António que estão na Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental.

Com uma extensão de 18 quilómetros, e partida do planalto da serra, acompanhando os cursos de água do maciço calcário estremenho até à nascente do rio Alviela, em pleno Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, a caminhada terá uma outra edição, a 4 e 5 de Maio, com pernoita no albergue do Centro Cultural e Recreativo do Covão do Feto, um dos parceiros locais.

Nesta segunda caminhada, Maria Gil será substituída pelo artista plástico António Poppe que vai fazer práticas de meditação ao nascer e pôr-do-sol.

Maria Gil salientou a relação que se estabelece com as pessoas – residentes no território, mas também artistas e botânicos. A caminhada é feita com a partilha de exercícios, alguns inspirados em práticas milenares como o Chi Kung, de convite à “quietude”, à meditação, à regulação de energia, à percepção de que o ser humano é parte da natureza que o rodeia.

Criado em 2004, o Teatro do Silêncio, com sede em Carnide (Lisboa), começou por fazer caminhadas mensais na sua freguesia, tendo em 2017, no âmbito da Capital Ibero-americana da Cultura, realizado uma “caminhada pela fronteira da cidade”.

Iniciando nesse ano a parceria com a Materiais Diversos, com uma caminhada no polje de Minde, na fronteira entre os distritos de Santarém e de Leiria, o projecto evoluiu, passando das fronteiras para a vontade de “unir os territórios” onde decorre o FMD.

Em 2018, o Cartaxo, com a colaboração da EcoCartaxo e da Palhota Viva, acolheu duas caminhadas, uma na zona do bairro e outra na da lezíria.

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