Economia | 12-04-2025 10:00

Concorrência desleal e desconhecimento dos consumidores são inimigos de quem produz bom azeite

Concorrência desleal e desconhecimento dos consumidores são inimigos de quem produz bom azeite
Alexandra Carreiras, representante da Casa Anadia Pedro Santos, representante da Val Escudeiro

Produtores de azeite marcaram presença no Simpósio do Azeite, iniciativa que decorreu em Abrantes. Pedro Santos e Alexandra Carreiras, representantes das marcas Val Escudeiro e Casa Anadia, respectivamente, falaram da concorrência desleal que existe no mercado e do desconhecimento dos clientes em relação às características do azeite, que os leva por vezes a comprar gato por lebre.

Abrantes recebeu o Simpósio do Azeite na EPDRA – Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes. A iniciativa contou com a presença de diversos especialistas das diversas áreas da fileira do azeite. O MIRANTE esteve presente e conversou com dois produtores de azeite: Pedro Santos e Alexandra Carreiras estiveram no evento como representantes de duas marcas de referência na produção do azeite em Abrantes. Os profissionais referiram que o azeite devia ser mais valorizado em Portugal. Falaram ainda da concorrência desleal que dizem existir actualmente no mercado e do desconhecimento dos clientes portugueses relativamente às características do azeite. Também o aumento de preço do azeite foi tema de conversa, com os produtores a defenderem que o mesmo se deve a uma maior procura tanto a nível nacional como internacional.
Pedro Santos, 40 anos, é produtor de azeite na marca Val Escudeiro, localizada na freguesia de Bemposta, concelho de Abrantes. Conta que se trata de uma marca criada pela sua família em 2004, que se dedica actualmente à produção de azeite com lagar próprio e comercialização por todo o país. Refere que sempre trabalhou na área e que já em criança se interessava por agricultura. Agora afirma que está empenhado no negócio familiar e em contribuir para que a marca cresça ainda mais.
“O mercado do azeite está muito difícil, existe muita concorrência desleal, temos que combater isso todos os dias no mercado, tentar combater e tentar educar os empresários que têm a restauração e a hotelaria para que estejam cientes daquilo que estão a consumir e a entregar aos seus clientes”, defende Pedro Santos. Sobre o aumento do preço do azeite, Pedro Santos diz que está relacionado com os custos de produção e com a procura no mercado a nível internacional. “Acho que às vezes mais vale comprar pouco e em condições do que comprar muito e o produto não ser bom”, afirma.
O produtor defende ainda que o azeite devia ser mais valorizado em Portugal, referindo que a valorização deve passar pela realização de eventos como o Simpósio do Azeite e na aposta de formação. “Na nossa região temos que valorizar a azeitona galega, é para isso que estamos a trabalhar, para tentar fazer ano após ano o melhor azeite com essa variedade”, explica.

“As pessoas têm que aprender a comprar e a valorizar o que é bom”
Também Alexandra Carreiras, 46 anos, que esteve no evento em representação da Casa Anadia, fabricante de azeite localizada em Alferrarede, Abrantes, defende que os portugueses não valorizam o produto como deveriam, muito por causa da falta de conhecimento que têm em relação ao azeite. Diz que sempre se interessou pela agricultura e pela cultura do azeite, licenciou-se em Ciências do Ambiente e já trabalhou em diversos projectos de conservação da natureza. Sobre a marca para a qual trabalha, explica que se trata de uma fabricante de azeite com muitos anos, cujo produto conta já com diversos prémios. “Desde há dois anos e meio para cá desenvolvemos um projecto de olivoturismo que tem trazido muitas pessoas à nossa região para visitar a quinta”, conta.
Alexandra Carreiras diz que em Portugal há uma grande procura por azeite. “É considerado o ouro líquido neste momento”, afirma, acrescentando que também os estrangeiros estão cada vez mais interessados no azeite português. Apesar do grande aumento de preço, a profissional acredita que o produto continua a ser acessível para todos. “As pessoas têm que aprender a comprar e a valorizar o que é efectivamente bom, há muita resistência do português em aprender e conhecer, muitos vão pelo que é mais barato e muitas vezes compram gato por lebre. Mais vale comprar pouco mas bom do que comprar muito e não ter qualidade nenhuma”, sublinha.
Alexandra Carreiras realça ainda a boa qualidade do azeite português. “Temos antioxidantes altíssimos que nos garantem qualidade muito superior, por isso é que temos níveis de acidez muito baixos, o azeite é doce, ao mesmo tempo é suave, dá para beber. Um azeite de qualidade é medicinal, podemos beber todos os dias, podemos pôr na nossa pele. Com um bom azeite português podemos fazer isso tudo”, conclui.

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