Das brincadeiras relativas aos Óscares ao profundo e demorado aplauso de pé durante a homenagem póstuma a Odete Silva, houve momentos para todos os gostos na gala de O MIRANTE. Eis os momentos altos de cada um dos discursos dos premiados.
A edição deste ano da gala de entrega dos prémios Personalidade do Ano de O MIRANTE, realizada no Cartaxo na noite de quinta-feira, 2 de Março, contou com uma grande variedade de discursos e agradecimentos dos premiados e foi pautada por momentos de alegria, emção e comoção.
A noite abriu com as homenagens à cultura, com um dos primeiros discursos da noite a ser o de Beatriz Martinho, do Conservatório de Música de Santarém, que garantiu que foi “uma homenagem que nunca mais será esquecida”. A dirigente lembrou o clima criativo que se vive naquela instituição, que disse ser “um segundo céu” e um “turbilhão de aprendizagem”. Recordando o já falecido mestre Fernando Alvim, a dirigente garantiu “continuar a lutar por ser uma escola reconhecida em Santarém, na região e no país” e confessou ser “um orgulho” manter viva uma história de sucesso artístico que se escreve todos os dias.
Ainda na cultura foi distinguido o Cegada Grupo de Teatro, de Alverca, concelho de Vila Franca de Xira, pelo papel que tem tido na oferta de programas culturais à população daquele concelho. Rui Dionísio, director-artístico daquela entidade, não perdeu a oportunidade de perguntar se o envelope do prémio que fora atribuído ao Cegada estava correcto, em alusão à embaraçosa troca de envelopes ocorrida na recente gala dos Óscares, os prémios do cinema norte-americano. Um momento que arrancou sorrisos à plateia antes de uma verdade mais dura: “As ferramentas de apoio à criação artística lançadas pelo Governo não têm sido usadas como esperado”, lamentou. Por isso o responsável apelou a uma “reflexão conjunta” sobre a importância e o papel da cultura nos tempos que correm. Isto enquanto agradeceu a todos os que, ao longo dos anos, foram passando pelo Cegada. “Os artistas podem viver com pouco dinheiro mas de certeza que não vivem sem público e por isso o nosso maior agradecimento é mesmo para o nosso público”, vincou.
“Não sou presidente de câmara. Eu estou presidente”
Anabela Freitas, presidente da Câmara Municipal de Tomar, recebeu o prémio Personalidade do Ano na área da política feminino. Evocando um antigo cartoon alusivo às novas tecnologias, a autarca ironizou dizendo que actualmente também se vivem dias em que “qualquer cão se senta atrás de um teclado” e lembrou que o mais importante é ver o copo meio cheio e não o contrário. “Em 99 por cento das vezes só ouvimos as pessoas falar do que está mal e muito raramente reconhecemos o que está bem. Temos de ter uma boa atitude e ver o copo meio cheio. Eu não sou presidente da câmara. Eu estou presidente de câmara, há uma diferença”, lembrou, perante forte aplauso.
Ainda na política, Pedro Ribeiro, presidente da Câmara de Almeirim, recebeu o galardão de política masculino e lembrou os tempos em que frequentava a gala de O MIRANTE vendo autarcas distinguidos que foram as suas referências. “Receber este prémio é um momento de grande alegria e estou bastante sensibilizado”, confessou. Agradeceu aos que o acompanham na câmara por conseguirem “aturá-lo”, por considerar ser “chato e teimoso”. “É fácil ficarmos deslumbrados pelo cargo e por isso é importante termos por perto quem nos chame a atenção para o que não está bem”, disse.
O galardão Personalidade do Ano na área do associativismo foi entregue à ARCAS – Associação Recreativa e Cultural de Samora Correia, concelho de Benavente, actualmente dirigido, na maioria, por mulheres. Dora Coutinho lembrou os dirigentes que se empenharam pela associação e já não estão presentes. “Sei que iriam ficar orgulhosos”, lembrou, ao mesmo tempo que notou que “a igualdade de género não se alcança com quotas mas sim com dedicação”. Defendeu que o associativismo não se explica, vive-se com paixão e que por isso “quando se trabalha com paixão não se espera prémios”, notou.
Maior aplauso da noite para Odete Silva
O esgotado Centro Cultural do Cartaxo aplaudiu de pé, demoradamente, a memória de Odete Silva, da Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira, homenageada a título póstumo por O MIRANTE. Rui Rei, vereador daquele município e marido da deputada, não conteve as lágrimas enquanto apelava a todos os presentes para “não perderem tempo com coisas que não são importantes” porque a vida “é o que é”. Emocionado, lembrou a necessidade de todos “estarem atentos aos sinais” que podem fazer a diferença e admitiu que a homenagem “foi justa” por tudo o que Odete Silva fez pelo seu país, região e comunidade, incluindo “os bombeiros e a sua banda, que ela tanto amava”.
A personalidade seguinte a subir ao palco foi a marchadora olímpica Inês Henriques, de Rio Maior, que arrecadou o galardão de mérito desportivo feminino. “Sabe bem vermos o reconhecimento de todo o nosso empenho”, frisou, agradecendo ao treinador pelo sucesso alcançado. “É nas derrotas que vemos quando somos mais fortes. Sou uma privilegiada por fazer o que gosto”, afirmou.
O galardão desporto masculino foi entregue à Associação de Futebol de Santarém, com Francisco Jerónimo a agradecer a “honra” de ser distinguido por um “jornal tão prestigiado” como O MIRANTE. “São os clubes que, através de dirigentes que fazem um trabalho anónimo, permitem que se preste um verdadeiro serviço público para os jovens praticarem desporto”, lembrou.
O galardão tauromaquia foi entregue ao Grupo de Forcados Amadores de Tomar, com Marco Jesus, cabo do grupo, a enaltecer o “orgulho muito grande” da distinção. “Queremos continuar a valorizar as nossas raízes e a nossa cultura”, garantiu.
No que toca à cidadania foi distinguido o CRIT – Centro de Reabilitação e Integração Torrejano, com José Faustino, presidente daquela entidade, a destacar “o vanguardismo de O MIRANTE” e o “esforço e dedicação” de todos os profissionais do CRIT em prol da melhoria das condições de vida dos utentes e da sua reinserção social.
Por fim, António Cruz Costa foi galardoado com o prémio Vida. O empresário disse que receber um prémio era algo “que estava longe das expectativas” porque sempre se limitou a trabalhar. “Não me considero um empresário de sucesso. Isso não existe. A regularidade é um posto e sempre na minha vida optei por ser sério e manter uma postura em que nunca vi em mim a empresa, sempre a vi como um todo”, afirmou. António Cruz Costa lembrou também o papel determinante dos empresários enquanto motores de desenvolvimento económico e social dos concelhos onde estão implantados.
* Reportagem completa na próxima edição semanal de O MIRANTE.